Por ANDRÉ SILVA
Gean Silva Torres tinha 40 anos quando foi encontrado morto dentro de um compartimento de uma clínica onde estava internado para se tratar e se livrar das drogas. Meses antes, ele e a mãe haviam aberto a casa de reabilitação Nova Aliança. O local tem sido o novo endereço de uma moradora em situação de rua bastante conhecida nas redes sociais, Marineia Santos Santana, conhecida como Big Big. Agora, terá uma nova chance de recomeçar sua vida.
Atualmente, o centro de reabilitação funciona no Bairro Jardim Marco Zero, na zona sul de Macapá, e é administrada pela mãe de Gean, a dona Rosineide da Silva Torres, de 62 anos. Ela contou que o filho foi dependente químico durante 22 anos.
“Na noite que ele morreu, me ligou e agradeceu. Disse que eu nunca desisti dele e ele era muito grato por isso. Hoje eu ajudo esse pessoal como se fosse pra ele. Ninguém entende o dilema que vive um usuário. No início, eu até dizia pro meu filho que ele não tinha força de vontade, mas, na verdade, eu estava errada”, lamentou dona Rosineide.
Foi ela quem fez o convite para que Big Big fosse à clínica para se tratar do uso de drogas. A irmã dela, a dona Maria Oliveira postou na sua página do Facebook a chegada de Marineia ao centro.
“Eu sempre vi a Marineia. Ela sempre estava pelo bairro do Muca, onde moro, e de vez em quando, eu via ela machucada. Ela apanha das pessoas na rua, ficar ensanguentada. Dela passar na rua e as pessoas jogarem pedra nela, às vezes, cortada, esfaqueada. Ela é uma pessoa muito sofrida”, relatou.
Por essas circunstâncias, ela disse que fez o convite à Big Big, quando trafegava de motocicleta pelo Canal do Beirol, e a avistou depois de muitos meses sem vê-la.
“Eu disse: ‘Marineia você quer se tratar?’ Ela falou: ‘eu quero’. Eu disse, então, pra ela ir até a minha casa, que o meu filho ia levar ela. Isso era umas cinco horas da tarde e ela apareceu lá em casa umas onze horas. O meu filho me ligou e disse: ‘mãe, a Big Big disse que quer ir pra clínica’. Aí, ela veio. Tomou banho, comeu, está bem comportada”, disse Rosineide.
Big Big foi aceita no centro de reabilitação e, atualmente, ocupa uma das vagas sociais que são disponibilizadas pelo local. Ela terá o tratamento bancado pela própria instituição.
“Vou ficar boa”, disse à reportagem, em poucas palavras, Big Big.
A Nova Aliança dispõe de um corpo administrativo composto por um terapeuta ocupacional, três monitores, uma enfermeira e um psicólogo.
As despesas da casa são pagas pelas mensalidades cobradas por cada internado, que segundo a administradora, é um valor simbólico.
Dona Rosineide conta que, por serem poucos internos, a clínica necessita de ajuda financeira, porque atualmente tem apenas 11 internos, 5 deles ocupam vagas sociais.
A instituição oferece serviço de internação compulsória, também, e oferece o resgate do usuário, que é a modalidade onde a clínica vai até o dependente à pedido da família.
Para ajudar, as pessoas podem entrar em contato com dona Rosineide pelo telefone (96) 98107-6895.