Por SELES NAFES
A juíza Lívia Simone Cardoso, da Vara do Tribunal do Júri de Macapá, aceitou denúncia do Ministério Público e tornou réu por feminicídio o homem acusado de matar a esposa e ainda tentar esconder o corpo dela no porta-malas do carro. Suspeito de atropelar a esposa de propósito, Jesaias Rocha Menezes continua preso no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).
A denúncia do MP, assinada pela promotora de justiça Klisiomar Lopes Dias, é baseada no inquérito policial que indiciou o marido. A acusação fala em ciúmes, desequilíbrio emocional e comportamento violento do Jesaias, além de narrar as últimas horas de Jaciara Larissa dos Santos Figueiredo, com quem ele vivia há cerca de três anos.
Na noite 27 de março deste ano, o casal saiu com uma amiga para uma casa de shows e depois para o Curiaú, onde amanheceram. Durante o passeio, no entanto, testemunhas afirmam que Jesaias teria ficado furioso ao perceber que a esposa dançava com um homem.
Pela manhã, por volta das 5h, na BR-210 em frente ao Conjunto Macapaba, Jesaias foi flagrado por um motorista tentando supostamente ocultar o corpo da esposa no porta-malas. Jesaias deixou o cadáver no asfalto e saiu do local, voltando em seguida sem o carro. Quando retornou, a Polícia Rodoviária Federal já estava presente e deu voz de prisão para ele. O veículo foi encontrado na mesma manhã com avarias. Ele chegou a ser solto na audiência de custódia, mas foi preso preventivamente no dia 13 de abril.
Cabelos
A Polícia Civil e o MP sustentam que o marido teria passado por cima da esposa com o veículo. Jesaias nega o crime, afirmando que Jaciara teria sido atropelada por outro carro enquanto urinava às margens da rodovia. No entanto, esse suposto veículo nunca foi identificado.
De acordo com laudo pericial, Jaciara morreu de hemorragia aguda interna e “trauma no tórax com ação contundente”. Além do laudo necroscópico, a denúncia usa perícias da PRF e da Politec no carro de Jesaias, um Voyage. O laudo afirma que os peritos encontraram cabelos da vítima no para-choque do carro e ferimentos no corpo que comprovam, em tese, que o carro passou por cima dela.
“Comprovou-se, pelos depoimentos colhidos durante a fase policial, que o crime foi praticado por motivo fútil, motivado pelo fato de o denunciado ser pessoa extremamente ciumenta e que utilizava os mais ardilosos meios para reprimir o temperamento alegre e espontâneo da vítima”, assinala o promotor.
Ao aceitar a denúncia, a juíza determinou que ele seja notificado no Iapen e mandou intimar as testemunhas para prestarem depoimento no processo.