Por SELES NAFES
Tonhão é um artesão e pai de família bem-sucedido. Morador do município de Amapá, cidade pecuarista e polo pesqueiro há 310 km de Macapá, ele guarda uma peculiaridade familiar como poucos: é descendente direto de moradores que foram mortos defendendo o território brasileiro, em 1895.
Na “Batalha da Vila Amapá”, em 15 de maio daquele ano, o general Francisco Xavier da Veiga Cabral, o Cabralzinho, foi surpreendido em casa por uma tropa francesa que exigia a rendição da vila. Cabralzinho teria reagido, matado o comandante francês e outros oficiais. Houve batalha corpo a corpo, mas 38 brasileiros foram massacrados. Contudo, a tropa francesa voltou derrotada para a Guiana levando mortos e feridos.
Ato de Cabralzinho foi reconhecido como heroico pelo Exército Brasileiro, e teve repercussões internacionais que apressaram a discussão sobre a disputa entre Brasil e França pela área que compreende terras a partir do Rio Araguari.
Tonhão perdeu antepassados na batalha, mas, por ironia do destino, acabou encontrando uma lembrança do conflito: uma bala de canhão enterrada na argila, a quase 1 metro de profundidade e com pelo menos 15 quilos. Veja no quadro SNTV.