Por CHRISTINA ROCHA
O mês de maio é consagrado às mães e repleto de significados. Mês de ternura, de fotos, de homenagens. As mães registram momentos únicos com seus filhos e aqueles que já perderam suas mães guardam consigo lembranças de um amor infinito.
Há ainda aquelas mulheres que sonharam em se tornar mães, mas o que deveria ser uma simples fase da vida se revela um obstáculo de difícil superação.
No de 2007, aos 25 anos de idade, eu engravidei pela primeira vez. Fui completamente contagiada pela maternidade. Em poucos dias de gestação confirmada, minha vida foi preenchida pela felicidade da espera: Será menino ou menina? Como vou decorar o quartinho? Qual nome daremos?
Com seis meses de gestação, um quarto decorado com o tema safari e um lindo enxoval aguardavam pelo nosso bebê Guilherme. Lamentavelmente, durante uma triste madrugada, sofri um aborto espontâneo. O bebê nasceu vivo pesando 550g e faleceu alguns segundos depois, em meu colo.
Da gravidez, restaram as marcas físicas e emocionais. A tristeza e o silêncio tomaram contas dos dias (meses, anos…) seguintes. Mas, o que já parecia insuportável se tornou ainda pior. O trágico evento de aborto espontâneo voltou a se repetir nos anos seguintes por mais duas vezes. E, assim, no decurso de três anos, eu perdi três bebês, todos em idade de gestação avançada.
Meus filhos nasceram vivos e morreram logo em seguida. Fizemos os velórios e sofremos a dor do luto. Não há palavras que descrevam aquele tempo de sofrimento.
O motivo das perdas veio após uma infinidade de consultas e exames e o diagnóstico foi preciso: eu tinha Insuficiência Istmo Cervical. Trata-se de uma fragilidade no colo uterino que faz com que a gravidez não evolua até o final e as gestações sejam espontaneamente interrompidas prematuramente.
Após tratamento adequado (cirurgia no colo do útero), eu me tornei mãe do João Pedro (em 2012) e do Gabriel em 2017. Ambas as gestações foram até o final e meus filhos nasceram com vida e saúde. A felicidade em tê-los comigo é igualmente indescritível.
Deus respondeu às minhas orações nos exatos termos que lhe pedi. Mas a verdade é que eu me tornei mãe em 2007, quando fui capaz de sentir aquele amor imensurável. Há mães do coração, há mães tias, há mães avós, há mães que perderam seus filhos, há mães de pet, mães de oração. Ser mãe é um ato de escolha e de amor.
Christina Rocha é advogada de Macapá desde o ano de 2008. Especialista em Direito de Família e Sucessões. Em seu Instagram e facebook (christinarochaadvogada) compartilha temas relacionados ao Direito de Família, Sucessões e também Direitos das Pessoas com Autismo.