Por ANDRÉ SILVA
A Polícia Militar do Amapá esclareceu, na tarde desta sexta-feira (24), em uma coletiva de imprensa que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) não estava na ação que culminou na morte do tenente Amauri Alves de Lima, na última quarta-feira (22), durante operação da Polícia Federal em Macapá.
O militar foi baleado na cabeça durante a operação Desativados que cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes de um grupo criminoso que praticava tráfico de drogas sintéticas e lavagem de dinheiro no Amapá.
Uma dessas ordens de busca e de prisão era contra o enteado de Amauri, no bairro Infraero I, zona norte de Macapá, foi quando o tenente foi baleado. Ele foi socorrido ao Hospital de Emergência (HE) do Centro, onde faleceu na primeira hora desta sexta.
O coronel Aldinei Almeida, diretor de operações da PM, explicou que a motivação para coletiva foi a publicação de um vídeo gravado pelo advogado Maurício Pereira, no qual dá a entender, segundo o oficial, que o Bope participou da ação junto com a PF na casa do policial.
No entanto, o coronel deixou claro que a participação do Bope na Operação Desativado foi tão somente no cumprimento de mandado no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).
O coronel reiterou que uma apuração preliminar da Corregedoria da instituição confirmou que não havia nenhum policial militar no momento da ação da PF na casa do tenente.
“Hoje, pra nossa surpresa, no momento que estávamos recepcionando o corpo do nosso companheiro, no momento em que estávamos chorando juntamente com familiares, saiu uma fake news por um advogado dizendo que o Batalhão de Operações Especiais havia participado da ação que resultou na morte do policial militar. Não é verdade”, reafirmou Aldinei.
Ele informou que o Bope acionou advogados e dará andamento judicial nas providências contra as declarações de Maurício Pereira. Veja o vídeo:
Também nesta sexta-feira, a PF publicou nota de esclarecimento, afirmando que o Bope agiu apenas nas dependências do Iapen. Repudiou o conteúdo do vídeo do advogado e chamou de “incidente” o fato que levou a morte do policial.
Ao Portal SelesNafes.com, o advogado Maurício Pereira informou que em nenhum momento insinuou ou afirmou que o Bope matou o policial, ou que policiais do Batalhão estavam presentes na operação, mas sim que “as operações da Polícia Federal não tem histórico de letalidade, as únicas que tiveram foram as quais o Batalhão esteve presente”.
Afirmou, ainda, que a operação foi desastrosa e faltou planejamento estratégico para que a morte de Amauri não tivesse acontecido. Maurício Pereira deixou claro que não culpou o Bope.
“Eu não sei quem atirou. Quem vai dizer é a perícia. Eu digo, e digo como advogado criminalista, como membro do Comitê de Combate à Tortura do Estado do Amapá e membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, que essa operação foi desastrosa. Eu não acusei. Agora, eu disse que a PF tem duas intervenções [com letalidade], agora o Bope tem. Só ele tem. Tenho ocorrências policiais desde 2012 pra cá, onde o Bope matou, matou, matou e todo mundo aplaude. Agora, a PF não tem esse histórico”, declarou Pereira.
O advogado sugeriu, ainda, a obrigatoriedade de uso de câmeras de vídeos no colete de policiais, para que as ações sejam gravadas.
O tenente Amauri tinha 53 anos e estava em processo de transição para a reserva remunerada da PM, após 30 anos de serviços prestados à corporação e à sociedade. Ele foi enterrado com honras militares no final desta tarde.