Por ANDRÉ SILVA
O preço do carro usado deu um salto durante a pandemia de covid-19 em todo o Brasil. O motivo, segundo representantes do setor, foi o fechamento das fábricas e a falta de componentes eletrônicos usados na maioria dos modelos.
Sem carros novos no mercado, a procura por modelos seminovos disparou – e o preço também.
“Algo nunca visto antes no mercado. Carro nunca valoriza. O que a gente ouve é que carro, diferente de uma casa, só desvaloriza. Durante a pandemia e até agora tem sido o contrário”, constatou Elenilson Monteiro, de 33 anos.
Ele é gerente em uma revendedora de carros usados localizada no Centro de Macapá e está no mercado de venda de carros há 10 anos.
O gerente disse que as vendas não pararam por conta da pandemia. Para cumprir as metas de venda, a loja ofereceu atendimento delivery, promoção de tanque cheio e transferência de titularidade do veículo de graça, entre outras estratégias.
Ele deu um exemplo claro, utilizando a cotação de um veículo ano 2015 que chegou a ser comprado pela loja neste período.
“O Gol subiu bastante. Antes da pandemia, você comprava um carro desse por R$ 35 mil, hoje compra com R$ 40 ou R$ 45 mil. Muito alto. Valorizou muito”, exemplificou o gerente.
O presidente da Associação dos Revendedores de Veículos do Amapá (Agenciautos), Odir Cantuária, explicou que o carro usado valorizou, em média, 15% no mercado local. Em relação ao Brasil, essa valorização chegou a 30%.
Isso aconteceu, segundo ele, porque o mercado estava sem carros novos para oferecer. As indústrias precisaram parar de fabricar, tudo por conta da pandemia de Covid-19 e a falta de componentes eletrônicos vindos da China, utilizados para a produção de semicondutores.
“Brasil não fabrica semicondutores, eles são fabricados na China. Então, lá na China parou e até hoje ainda tem alguns modelos que há dificuldade em atender as concepcionárias. Então isso foi o que aconteceu: o veículo seminovo – aquele carro que estava em boas condições – teve uma valorização muito grande e a cadeia toda veio atrás. Todo carro em boas condições as lojas compraram”.
Com a valorização dos carros usados cresceu, também, o número de lojas que oferecem esse tipo de produto no estado. Mas esse efeito tem prazo de validade, segundo o presidente.
“O mercado vai se acomodar e vão ficar as lojas que são profissionais. Quer dizer, aquelas lojas que estão maia adaptadas e adequadas e que trabalham dentro das regras que atenda o código de defesa de consumidor, essas vão ficar”, garantiu o presidente.