Por SELES NAFES
A deputada estadual Cristina Almeida (PSB) foi alvo, nesta sexta-feira (24), da “Operação Gambetto”, da Polícia Federal no Amapá. Foi um desdobramento da “Operação En Passant”, a mesma que teve como principal investigado outro deputado estadual, Alberto Negrão (PPS). Os crimes investigados também são semelhantes: usos de notas fiscais frias para justificar o recebimento de verba parlamentar.
De acordo com comunicado da PF, os crimes investigados são peculato, falsidade ideológica, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A Polícia Federal não divulgou nomes e nem valores desviados, mas o nome da parlamentar foi apurado com fontes consultadas pelo portal.
Os 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal de Justiça do Amapá, foram cumpridos em endereços ligados à deputada, assessores, parentes e fornecedores nos bairros Jardim Felicidade, Buritizal, Santa Rita, Muca e São Lázaro, além do gabinete da deputada.
A primeira operação, a En Passant, foi deflagrada em novembro do ano passado. Apesar de ter sido afastado, o deputado Alberto Negrão recebeu um salvo conduto dos colegas e continua exercendo o mandato.
A PF afirma que, em ambos os casos, os serviços não eram prestados, ou eram executados com valores menores que os que constavam nas notas fiscais. Algumas notas teriam sido emitidas por empresas de parentes dos investigados.
“A PF identificou que operadores do esquema, muitas vezes, procuravam empresas e definiam o valor das notas que deveriam ser emitidas, sem a contraprestação do serviço. Ainda encontrou indícios que algumas delas eram de propriedade de parentes dos operadores, e sequer existiam de fato, não havendo qualquer sinal de atividade empresarial, sendo apenas ‘fantasmas’”, escreveu a PF.
No caso de Alberto Negrão, que foi alvo duas vezes da PF, teriam sido desviados da cota parlamentar mais de R$ 1 milhão.
Procurada, a assessoria da deputada Cristina Almeida emitiu um comunicado citando o cumprimento do mandado apenas na residência dela.
“Me coloco à disposição para contribuir com todas as averiguações, sem restrição. Sempre trabalhamos com seriedade, compromisso e transparência para com o povo do Amapá. Por essa razão, afirmo que não tenho nada a esconder e reitero meu compromisso com a democracia”.