Por SELES NAFES
Depois de não conseguir o apoio de Waldez Góes (PDT) na corrida pelo governo nas eleições deste ano, o vice-governador, empresário e pré-candidato ao Setentrião, Jaime Nunes (PSD), intensificou a estratégia para tentar se descolar da imagem do governo. O objetivo também é construir uma narrativa que ajude a justificar o desempenho abaixo do esperado para um político que prometia agregar visão empreendedora ao governo, e que ajudaria a desenvolver a iniciativa privada com políticas de Estado.
Jaime foi eleito na chapa de Waldez em 2018, e teve liberdade para fazer nomeações em setores econômicos importantes do governo. Além disso, foi nomeado presidente da comissão de controle de gastos, função da qual nunca pediu exoneração. Sem resultados e com a relação política desgastada, o vice-governador foi perdendo espaços nos anos que se seguiram, como a Agência de Desenvolvimento do Amapá (Adap) e a Junta Comercial, entre outros.
Numa última tentativa de ter o apoio do Setentrião a sua candidatura em 2022, Jaime fez um gesto ao não criar obstáculos após a indicação de Marília Góes pela Assembleia Legislativa ao TCE. Em fevereiro, ele assinou ato nomeando-a conselheira de contas. Não deu certo. Em maio, Waldez anunciou o apoio a Clécio (Solidariedade).
Agora, a equipe de pré-campanha do empresário, especialmente de redes sociais, tem se desdobrado para deixar claro que “Jaime não é Waldez”. A meta é neutralizar um vídeo, amplamente divulgado em grupos de WhatsApp, que relembra a participação de Jaime no atual governo. A peça reforça, nas entrelinhas, que a ruptura só ocorreu quando Waldez decidiu não apoiá-lo na corrida pelo governo.
Por outro lado, Jaime tenta fixar a tese de que se afastou de Waldez durante a pandemia de covid-19 porque era contra o fechamento do comércio, mesmo num momento que era necessário reduzir a circulação de pessoas para diminuir a propagação do coronavírus. Todos os estados usaram essa medida.