Mortes em Santana: defesa de policiais afirma que investigação teve perícia prejudicada

setembro de 2021: Cícero Bordalo ao lado do perito Ricardo Molina em coletiva após a ocorrência; Polícia Civil concluiu que mortos não tiveram defesa
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Por SELES NAFES

O advogado Cícero Bordalo Júnior, que cuida da defesa dos 6 policiais militares envolvidos na ocorrência em Santana, que terminou em três mortes (2021), questionou a conclusão do inquérito. Segundo ele, a perícia balística foi prejudicada por falta de condições adequadas na Politec para o trabalho.

Na madrugada de 10 de setembro de 2021, no Bairro Fonte Nova, a abordagem um carro de aplicativo terminou com as mortes de Igor Ramon Cardoso, filho da ex-prefeita de Laranjal do Jari, Euricélia Cardoso. Na mesma ação, morreram outras duas pessoas que a Polícia Civil afirma serem inocentes. Igor, que dirigia o carro de aplicativo, teria envolvimento com uma facção criminosa e estava dirigindo para um foragido.

Para a polícia, não foram efetuados disparos de dentro do veículo que Igor conduzia e as vítimas não tiveram chances de defesa. Cícero Bordalo Júnior, no entanto, afirma que há contradições essenciais para a finalização do inquérito geradas pela inoperância do equipamento de realização dos exames de balística e produção de laudos.

Segundo ele, essa deficiência tinha sido registrada pelo Conselho Regional de Medicina no dia 24 de julho de 2021, e reportada ao Ministério Público Estadual. Por conta disso, havia acúmulo de cadáveres nas gavetas e em estado de decomposição.

“Portanto, as condições inadequadas para o trabalho dos peritos da Politec de Macapá, aliada ao período em que a ação policial ocorreu em Santana, jamais possibilitariam qualquer tipo de conclusão a respeito do caso, tampouco manteria a acusação dos PMs em relação aos projéteis que teriam sido disparados somente de três armas”, analisou.

Peritos recolhem provas no local da ocorrência, em 10 de setembro de 2021. Fotos: Olho de Boto

O carro dirigido por Igor na noite da ocorrência

“Ao manter a acusação de todos os seis policiais envolvidos, o delegado blefou e não explicou o porquê desta decisão, sobretudo desconsiderando a falta de estrutura para examinar as provas, ou não acreditando no laudo da Politec”, acrescentou.

Para Cícero Bordalo, a demora de 10 dias para que a Polícia Civil fizesse a reconstituição do crime, com a participação do perito criminal carioca Ricardo Molina, em 17 de novembro de 2021, também atrapalhou o esclarecimento do caso.

Amizade

O advogado lembrou que já tinha comprovado por meio de áudios mostrados à imprensa que existia uma relação de amizade entre o motorista de aplicativo e o ex-detento e foragido Patrick Moraes dos Santos (preso). Na noite do crime, Igor teria trocado as placas do veículo para despistar a polícia, pois seria o mesmo veículo usado em outros crimes, incluindo assaltos em residências do Residencial Aquaville.

“Igor rodava fingindo ser motorista de aplicativo, mas na verdade estava ligado ao tráfico de drogas e assaltos, por conta de Patrick, que liderava uma facção criminosa no bairro do Ambrósio.

Com a finalização do inquérito, a polícia encaminhou o caso para o Ministério Público.

Seles Nafes
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