Politizando: 7 fatos da eleição mais afunilada de todas

Com a desistência de Lucas Abrahão (Rede), Clécio e Jaime deverão disputar quase que entre si o comando do Estado
Compartilhamentos

Por SELES NAFES

A retirada da pré-candidatura de Lucas Abrahão (Rede) ao governo do Estado está consolidando um cenário inédito na história política do Amapá. Pela primeira vez, a eleição para o governo terá apenas dois candidatos em condições de chegar ao segundo turno: Clécio (Solidariedade) e Jaime (PSD). O terceiro candidato, Gesiel Oliveira (Patriotas), ainda não aparece no retrovisor de nenhum dos dois, e muito menos Gianfranco Gusmão (PSTU).

Mas quais variáveis levaram a esse resultado?

1 – Fragmentação

A fragmentada direita não aproveitou o esfacelamento dos partidos de esquerda, que se dividiram e criaram grupos diferentes. Em seguida, criaram as federações Rede/Psol e PT/PCdoB/PV. Depois de meses em caminhos opostos, as duas federações poderão subir no palanque de Clécio, que pelo visto, vai ter Lula (PT) discursando.

2 – Antecipação

No auge da aprovação do segundo mandato, ainda em 2019, Clécio se antecipou e revelou publicamente a disposição de disputar o governo do Estado tão logo deixasse a prefeitura da capital. O projeto foi colocado em prática no início de 2021, com uma pré-campanha baseada em períodos em que reside em cada município. Além do currículo como prefeito, esse movimento o colocou em vantagem.

Em 2019, Clécio revelou projeto para o governo. Foto: Seles Nafes/SN

Abril de 2022: presidente do PSB, Capi, anuncia filiação de Piedade Videira, depois abandonada. Foto: Rodrigo Índio

3 –  Renovação

O PSB, partido sempre protagonista em todas as eleições no Amapá, vem derretendo à cada eleição e pagando um preço alto nas urnas pela falta de renovação em seus quadros. A única promessa nesse sentido (Piedade Videira) foi filiada às pressas somente em abril, mas virou bola chutada pra escanteio menos de dois meses depois. Esta semana, ela acusou os donos do partido de a terem abandonado com um caminhão de dívidas contraídas na curtíssima pré-campanha. Do amor ao ódio.

4 – Demora e imagem

O vice-governador Jaime Nunes (PSD), que vem figurando em segundo nas pesquisas, demorou demais a decidir e anunciar que realmente disputaria o governo. Com dificuldades para se afastar de suas empresas, somente no início deste ano ele conseguiu montar uma estrutura, equipe e, de fato, se posicionar no jogo. Ultimamente, ele vem gastando esforço para explicar porque não conseguiu impor sua marca empreendedora no governo, um dos pilares da campanha de 2018. A grande capacidade financeira dele e o discurso quase totalmente baseado na geração de empregos devem colocá-lo no segundo turno.

Jaime foi convidado por Lucas Barreto para compor com o PSD

5 – Senadores

Os senadores têm sido essenciais nesta campanha, apesar de apenas um estar concorrendo de fato, Davi Alcolumbre (UB). Ele também é o principal apoiador de Clécio, e visto como um dos responsáveis pela adesão de Waldez e da militância do PDT. O presidente do PSD, senador Lucas Barreto, conseguiu abrigar Jaime na legenda quando a permanência dele no Pros estava insustentável. Além disso, deu mais visibilidade de densidade ao vice-governador. Randolfe Rodrigues (Rede) lançou Lucas Abrahão, que passou a ser atacado pela campanha de Jaime. Por isso, é bem provável que feche com Clécio e confirmar um palanque lulista e misto no Amapá, até com participação de Davi e Capiberibe (PSB), ambos candidatos ao Senado.

Randolfe e Lucas Abrahão durante entrevista ao SNTV

Gesiel: qualificação, mas sem dinheiro e apoio político

6 – Falta de dinheiro e apoio

Apesar de extremamente qualificado, o professor de direito, geógrafo, oficial de justiça e pastor evangélico, Gesiel Oliveira, fez uma peregrinação em busca de filiação que se tornou o retrato da divisão da direita. Foi rejeitado pelo Podemos, PRTB e outras legendas do campo bolsonarista, até receber o apoio do Patriotas. Contudo, sem dinheiro e um arco de alianças robusto, ele ainda não conseguiu atingir os dois dígitos em nenhuma pesquisa de consumo interno. Ele e Jaime disputarão o apoio de Bolsonaro.  

Gianfranco, do PSTU. Foto: Seles Nafes

7 – O mais do mesmo

O PSTU, que disputa todas as campanhas majoritárias e proporcionais do Amapá, nunca elegeu um representante nem para a Câmara de Vereadores. Visto como radical e sem propostas viáveis, a legenda também carece de renovação e deve de novo lançar o professor Gianfranco Gusmão como candidato ao governo. Em 2018, ele disputou o Senado e em 2020 a prefeitura da capital. O PSTU manteve a tradição de ser um fiasco eleitoral.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!