Por SELES NAFES
O juiz Diogo Sobral, da 2ª Vara Cível de Macapá, mandou desmontar uma das lojas da rede Burger King, em Macapá, para o pagamento de dívidas da empresa com fornecedores. Foi o capítulo mais recente da triste trajetória da franquia de sucesso no Brasil, mas que em Macapá fechou as portas, deixou dívidas, trabalhadores enganados e virou caso de polícia com um dos sócios sendo acusado de usar dupla identidade.
O baiano Marcos Duarte da Silva, o sócio majoritário, foi indiciado pela Polícia Civil do Amapá por usar duas identidades. Na segunda identidade ele era Rogério Oliveira Santos.
O Ministério Público afirma que ele enganou a justiça do Pará para obter um novo registro de nascimento, o que lhe permitiu tirar todos os documentos com o segundo nome. Ele responde a uma ação criminal por isso.
Usando o nome Rogério, o empresário se tornou um dos sócios da franquia em Macapá, alugou pontos, contraiu empréstimos e agora responde a processos que cobram R$ 2,5 milhões. Ainda há as ações trabalhistas, estimadas em mais de R$ 900 mil.
Em 2020, a franquia fechou as três lojas de Macapá sem pagar funcionários e nem fornecedores. São várias ações cíveis, todas em nome de Rogério (2ª identidade) e da esposa, Jeanine Braga Martins Oliveira Santos.
Numa delas, que corre na 2ª Vara Cível de Macapá, o magistrado determinou o arresto dos bens da loja na galeria Shopping Rio Plaza, próximo à Praça Isaac Zagury, em decisão do último dia 29 de junho. Nesse processo, a dívida é de R$ 125 mil, a maior parte pelo aluguel do ponto. O mesmo desmonte deve ocorrer nas outras duas lojas.
Há outros processos por aluguel atrasado. O Macapá Shopping cobra cerca de R$ 50 mil numa ação que corre desde março de 2021. O Garden move contra Rogério (Marcos) mais quatro ações por alugueis de diferentes lojas dentro do shopping. Três delas somam quase R$ 900 mil. Só referentes à loja do Burger King são mais de R$ 385 mil. Todos esses valores não estão atualizados.
O próprio Burger King cobra mais de R$ 300 mil em royalties e outros compromissos.
Empréstimo
Também há dívidas com banco. O Bradesco cobra R$ 821 mil por uma operação financeira (empréstimo). No total, as dívidas cobradas na justiça já totalizam mais de R$ 2,5 milhões.
O Portal SelesNafes.Com tentou ouvir a defesa do empresário, mas ele não é mais representado pelo escritório Cícero Bordalo Júnior.
Para os credores, trabalhadores e ex-sócios, o grande desafio será encontrar bens que podem ser usados no pagamento dos débitos. A própria justiça do Amapá tenta localizar o empresário para intimá-lo em alguns processos e não tem conseguido.
Num deles, no último dia 24 de junho, o juiz José Castellões Neto, da 3ª Vara Criminal, mandou intimar o empresário por edital no processo em que responde pelo uso de duas identidades.