Por OLHO DE BOTO
O condutor do trio elétrico que atropelou e matou a missionária Josimara Oliveira, de 36 anos, durante a Marcha para Jesus, em Macapá, no dia 2 de julho, será indiciado por homicídio culposo – quando não há intenção de matar. Ele não teve o nome divulgado pela polícia.
O atropelamento ocorreu na Avenida Padre Júlio, na altura da Avenida Jovino Dinoá, no Centro. A vítima faleceu na tarde de ontem (13), depois de 11 dias internada no Hospital de Emergência da capital, o que levou a investigação a passar de lesão corporal para homicídio.
O caso é investigado pela delegada Josymária Coelho, da Delegacia de Acidentes de Trânsito. Segundo ela, além do homicídio culposo, há outros agravantes contra o condutor do trio elétrico. Ele não era habilitado, não foi contratado para a função de motorista, pois era o técnico do som do trio, e fugiu do local sem prestar socorro à vítima.
Antes da morte da missionária, a delegada já havia ouvido o condutor e o proprietário do trio. Os depoimentos deles esclareceram porque o técnico de som era quem estava atrás do volante.
Segundo ela, o proprietário falou que era o seu irmão, devidamente habilitado, quem deveria estar dirigindo o veículo. Contudo, ele apenas levou o trio até a Praça da Bandeira, local da concentração do evento, e, por motivos pessoais, não o conduziu durante a Marcha. Assim, o técnico de som se prontificou a dirigir o veículo, revelou a delegada.
Em depoimento, o técnico de som contou que desde o início do percurso tudo ia bem, mas quando tentou fazer a conversão da Rua Leopoldo Machado para a Avenida Padre Júlio, o pastor pediu para parar e fez uma pregação.
Depois disso, era para a Marcha seguir caminho, mas quando o motorista começou a movimentar o veículo, no sentido do Centro, pela ladeira, o freio falhou. Segundo o depoimento, ele tentou avisar às pessoas batendo na porta, porque a buzina não funcionava, contou a delegada.
“Ele disse que levou o veículo para o lado esquerdo porque era onde tinha menos pessoas”, completou Josymária Coelho.
Apesar de imagens terem circulado pela internet mostrando a precariedade do estado de conservação do trio elétrico, ela afirmou que vai aguardar o laudo pericial sobre o veículo, que vai determinar se ele tinha condições seguras de trafegar.
De acordo com a delegada, o proprietário informou que o pagamento pelos serviços seria feito pelo Estado, através da Secretaria de Cultura. Contudo, essa contratação teria sido apenas “de boca”, não há documento que comprove o chamamento dos serviços até o momento.
Responsabilidade
Josymária Coelho esclareceu que, por enquanto, apenas o técnico de som será indiciado pela morte da missionária.
Entretanto, as investigações continuam para apurar outras responsabilidades, entre as quais como se deu a contratação do equipamento, as condições de trafegabilidade do trio, e a obrigação da coordenação do evento com a segurança dos participantes.
O coordenador do evento, pastor Mauro Oliveira, já foi ouvido.
Josimara Oliveira será sepultada às 16h de hoje no Cemitério Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Macapá.