Por RODRIGO ÍNDIO
Familiares e amigos deram o último adeus à Maria Eunice Veigas Pantoja, de 40 anos, neste sábado (27). Ela foi vítima de feminicídio na noite de quinta-feira (25), ao ser morta a terçadadas pelo ex-marido que não aceitava o fim do relacionamento.
Na tarde de sexta-feira (26), a justiça decretou a prisão preventiva de Marcos Costas de Oliveira, também de 40 anos. Ele confessou o crime na Delegacia de Crimes Contra a Mulher, onde detalhou que foi casado com a vítima por 23 anos. Com a relação desgastada por brigas, o casal se separou há 1 ano.
Para jornalistas, ele negou que depois de desferir os golpes tenha ido beber e jogar baralho no bar onde foi encontrado, em frente ao terminal Rodoviário, no Bairro São Lázaro, como chegou a ser divulgado pela polícia. Ele alegou que estava se protegendo da chuva e que estava esperando uma viatura para se entregar.
A dor da única testemunha
A filha de 17 anos do casal estava no momento do crime. Durante o velório da mãe, ela contou com exclusividade ao portal SelesNafes.com como tudo ocorreu. As duas estavam saindo de casa com destino a casa de uma familiar para depois a vítima seguir para um aniversário.
“Ela pediu pra mim ir na frente dela. Ela meio que tocou em mim pra eu sentir que ela estava atrás. Quando a gente chegou pra sair do pátio ele veio muito rápido. Eu não vi que tava vindo atrás da gente. Pensei que ele tava organizando alguma coisa, porque a casa tá em reforma, não imaginava que era um terçado. Ele virou, empurrou ela, só que ela não gritou e ficou caída no chão e ele puxou o terçado e foi dando a primeira terçadada nela que pegou na barriga”, lembra.
A adolescente conta que ainda tentou impedir os ataques do pai sobre a mãe, porém, foi tudo vão. O irmão dela de 12 anos estava na casa.
“Tentei impedir ele [pai]. Fui pra cima dele. Comecei a gritar. Pedia que ele parasse com aquilo. Foi horrível. Eu não consegui. Ele me afastou pra trás. No que ele deu a segunda (terçadada) eu pulei nele de novo. Foi quando olhei muito rápido pra ela e ela olhou pra mim, eu já estava sentindo, ela se despediu pelo olhar. Não teve discussão entre eles, foi do nada”, conta a filha, abalada.
Ela e o filho mais velho do casal, detalharam que o pai fazia bicos de capina, não bebia há mais de 15 anos e não se envolvia em jogos de azar. Já a mãe fazia trabalhos autônomos com cabelos e unhas.
“Fica a saudade”, resumiram.
Gisele Pantoja, de 24 anos, sobrinha da vítima, diz que a família está revoltada e pede justiça.
“A Maria era uma pessoa alegre, extrovertida e muito querida por todos. Morreu de forma covarde. Nunca imaginamos perder ela assim. Deixa 5 filhos, 3 dependiam dela. Pedimos Justiça”, cobrou.
O velório ocorreu por etapas em duas igrejas da Assembleia de Deus, sendo uma no Jardim Marco Zero e outra no KM-09 da AP-020. O enterro ocorreu no fim da manhã no cemitério São Francisco de Assis, na zona norte de Macapá.