Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amapá lideraram, nesta quarta-feira (14), uma operação que teve como alvo advogados, policiais penais, um delegado civil e outros servidores públicos, todos investigados por trabalharem para o crime organizado.
Segundo as autoridades, juntamente com criminosos de uma facção que age dentro e fora do sistema carcerário amapaense, eles formavam uma organização altamente estruturada, que coordenava ações para o tráfico de drogas, associação para o tráfico, falsidade ideológica, prevaricação, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Nesta quarta-feira (14), mais de 80 agentes policiais da Força Tarefa de Segurança Pública (FTSP), do BOPE, da Força Tática e Polícia Rodoviária Federal, cumpriram 22 mandados de busca e apreensão em residências dos investigados e escritórios de advocacia, em Macapá, nos Bairros Pacoval, Central, Cidade Nova, Jardim Equatorial, Novo Buritizal, Perpétuo Socorro, Trem, Cabralzinho e Fazendinha.
Também cumpriram outras 6 ordens judiciais de busca no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), 4 em celas de internos e 2 em salas de servidores do instituto.
Houve também o cumprimento de oito mandados de prisão preventiva e um de prisão domiciliar contra servidores públicos, advogados e presos do regime fechado, além do bloqueio de valores depositados em contas bancárias e aplicações financeiras de vinte e um investigados.
A operação desta manhã é decorrente da prisão de Letícia Kenya Staut Ferreira, nutricionista de empresa terceirizada que fornecia alimentação para ao Iapen e foi flagrada, facilitando a entrada de drogas, armas e munições na penitenciária, em 4 de fevereiro deste ano.
Após a prisão dela, a PF e o Gaeco identificaram indícios de diversos tipos de fraudes e crimes perpetrados no interior do presídio, dentre os quais, esquema para: fornecimento de alimentação diferenciada para alguns internos, mediante remuneração; entrada de celulares e drogas; fornecimento de atestado médico falso para concessão de prisão domiciliar ilegal; e irregularidades no uso de tornozeleira eletrônica.
Segundo as investigações, essas fraudes ocorriam com a participação de servidores da segurança pública, advogados, presos e policiais penais do Iapen.
O núcleo de autoridades que comanda a ação policial não informou quantidades, mas foram apreendidas armas, munições, drogas e dinheiro em espécie.
A ação policial desta quarta-feira (14) foi batizada de Operação Queda da Bastilha – uma referência à antiga prisão francesa do século XVIII, que foi tomada do governo durante crise econômica e política.
Delegado
A Polícia Civil confirmou que o delegado Sidney Leite, famoso no Amapá por suas ações contra o tráfico, à frente da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), foi um dos alvos da operação. Ele está licenciado das suas funções para concorrer ao cargo de deputado estadual pelo PTB.