CNJ inicia julgamento de desembargador do Amapá com votos pela condenação

Desembargador pode ser condenado por nomear como assessor um advogado atuava para ele em outros processos no Conselho Nacional de Justiça
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Por SELES NAFES

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pode aplicar a pena máxima da magistratura mais uma vez a um desembargador do Tribunal de Justiça do Amapá. Desta vez o “réu” é Agostino Silvério. Na prática, a condenação vale como aposentadoria com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. O julgamento dele no CNJ começou no último dia 4.

O desembargador foi acusado de nomear para um cargo comissionado em seu gabinete o advogado que o defendia em outros processos disciplinares na corregedoria do CNJ. O relator do processo foi o ministro Márcio Luiz Freitas, que votou pela “disponibilidade” do magistrado, ou seja, pela aposentadoria compulsória dele.

O desembargador foi representado no julgamento pelo advogado Marlon Marciano, que negou que o assessor tenha atuado como advogado. Segundo ele, o servidor fez apenas levantamentos de informações, mas quem atuou nos processos foi o advogado Hercílio Aquino. O advogado da Associação Brasileira de Juízes (AMB) da defesa, que também fez sustentação oral, pediu que a pena de disponibilidade fosse desconsiderada por se tratar de “um motivo bobo”.

Para o ministro relator, no entanto, ficou comprovado que o assessor José Chagas foi nomeado especificamente para atuar como advogado particular do desembargador, e, para isso, chegou a receber até uma procuração do magistrado. Também ficou comprovado que a esposa do assessor recebeu pagamentos do desembargador. Além disso, o assessor José Chagas também atuou em outro processo numa vara do juizado especial enquanto era servidor comissionado do gabinete de Agostino. 

O julgamento foi suspenso porque houve um pedido de vistas de um dos ministros, mas três conselheiros anteciparam os votos pela disponibilidade. Contudo, faltam votar mais 9 ministros.

Agostino Silvério responde a outros processos no CNJ

A presidente do CNJ, ministra Rosa Weber, proclamou o resultado provisório do julgamento pela condenação do desembargador, mas o julgamento ainda será retomado. Agostino Silvério continua desempenhando suas funções no Tjap.

Ele poderá ser o segundo desembargador a receber a sentença de disponibilidade do CNJ. O primeiro foi Constantino Braúna, em 2016, acusado de vazar informações sigilosas de processos e interferir na atuação de juízes

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