Para se reerguer, ex-vidraceiro e costureira empreendem dentro de ocupação

Nélio e Nice tiveram que fechar seus negócios na pandemia. Agora, buscam dias melhores
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Por ANDRÉ SILVA

Além das mortes, a pandemia de covid-19 também destruiu muitos negócios. Em Macapá, pequenos empreendedores que viram seus estabelecimentos fecharem as portas do dia para a noite ainda tentam se reerguer.

Tem sido assim com os dois personagens desta reportagem. Eles moram na maior ocupação da cidade de Macapá, localizada no Bairro Aeroportuário, na zona norte da capital.

Histórias de Nélio…

… e de Eunice são de recomeço. Fotos: André Silva/SN

Nélio Alves de Oliveira, de 42 anos, conhecido entre os comerciantes do ramo de vidraçaria como Nelson Vidraceiro, é natural do Estado do Maranhão. Casado e pai de três filhos, ele mora no Amapá há 23 anos e há 12 trabalhava fabricando portas, janelas e móveis de vidro.

Nélio começou trabalhando para outros vidraceiros até juntar capital para abrir seu próprio negócio. A pequena fábrica que tinha funcionava no bairro do Trem, atrás de um shopping, onde permaneceu por sete anos até que veio a pandemia.

“A pandemia veio e os órgãos fecharam toda a cidade e aí eu me prejudiquei. O pequeno empreendedor, por muitas vezes, acaba não guardando dinheiro porque precisa diariamente estar investindo no seu negócio. Comigo não foi diferente. Eu não guardei dinheiro e fali”, narrou o homem.

Nélio conta que depois falir teve que procurar outras formas de vendas

Sem o principal meio de sobrevivência, logo as contas chegaram e os primeiros objetos a serem vendidos foram os maquinários que usava no negócio. Depois que não tinha mais nada para vender, Nelson se viu obrigado a catar latinha para sustentar a família.

“Fui catar latinha para me reerguer. Vendi todo meu maquinário, minha empresa faliu e eu estou tentando de novo. Com um pouquinho que juntei, decidi tentar de novo”, disse o microempresário.

A mulher e os filhos passam a noite na casa da sogra enquanto ele passa a semana inteira tomando conta do barraco que construiu na ocupação. A baiuca, ele conta, começou com o pouco dinheiro que conseguiu juntar com a reciclagem de latinhas.

Nice conta que prejuízos causados pela pandemia a deixou sem renda

Nice Ateliê

Eunice dos Santos Monteiro, de 45 anos, é costureira. Ela é amapaense e há mais de 15 anos trabalha com confecção de roupas. A costureira era dona de um ateliê, localizado no bairro do Laguinho e segundo ela, a renda do negócio girava em torno de R$ 5 mil por mês.

Com a chegada da pandemia, Nice se viu obrigada a fechar o negócio. Sem renda, passou a vender as máquinas de costuras e com o dinheiro decidiu aventurar na cidade de Barcarena, no Pará.

“Não deu certo, no meio da pandemia eu voltei. Já não tinha mais condição de pagar aluguel e aí tive que vir pra cá”, contou a costureira.

Às margens da Norte-Sul…

 

… famílias vão ocupando a região em diferentes atividades

Sem renda, decidiu retomar a única coisa que sabe fazer, e em meio a ocupação, decidiu empreender novamente.

“Até hoje ainda tenho clientes. Vou na casa deles, pego a roupa, tiro a medida, venho faço e levo. Se precisar fazer ajuste eu pego de novo e levo. É com isso que tenho conseguido fazer uma renda”, explicou Nice.

A permanência, tanto da Nice quanto do Nelson e de centenas de famílias que vivem em barracos espalhados pela ocupação do Parque Aeroportuário, é a esperança de dias melhores.

Seles Nafes
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