Por RODRIGO ÍNDIO
Os réus confessos do assassinato da menina Ana Júlia Pantoja de Souza, de 5 anos, morta pelas costas com um tiro na cabeça, foram condenados após quase 14 horas de julgamento que terminou na noite desta quarta-feira (16), em Santana, local do crime, a 17 km de Macapá.
Flávio Ferreira Teodósio, que puxou o gatilho, e Goodofredo Barbosa do Nascimento, que forneceu a arma usado no crime, foram condenados por unanimidade e sentenciados pela juíza Marina Lorena Lustosa a 15 anos, 5 meses e 27 dias prisão, e 21 anos, 5 meses e 15 dias, respectivamente.
Eles permanecerão presos no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).
Apesar de ser o autor do tiro, Flávio recebeu pena menor que o fornecedor da arma, Goodofredo. O advogado de defesa, Osny Brito, explicou que os jurados reconheceram a tese subsidiária da defesa do homicídio privilégio, o que prejudicou a qualificadora de motivo torpe.
Além disso, prosseguiu o advogado, a juíza reconheceu a confissão espontânea e levou em consideração a menoridade abaixo de 21 anos dos acusados. Essas seriam as razões para uma pena abaixo das expectativas da grande repercussão e comoção que o caso gerou. Durante seu depoimento, Flávio pediu perdão à família da menina.
A plateia, formada na maioria por parentes e amigos da família da vítima, esperava uma sentença bem maior, já que a dupla foi denunciada por homicídio triplamente qualificado: motivo torpe (em razão das desavenças entre as facções) e por ter sido praticado mediante emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima (porque o tiro foi escondido, repentino e com a vítima desarmada). E, além de homicídio, também foram denunciados por integrar organização criminosa.
O crime ocorreu na tarde do dia 15 de setembro de 2021, na Baixada do Ambrósio, Área Portuária de Santana. Ana Júlia caminhava pela passarela de concreto quando foi atingida. Ela voltava para casa depois de ter comprado um lanche em uma padaria nas proximidades, como costumava fazer.
O crime foi flagrado por câmeras de segurança. As imagens mostram quando Flavio surge e atira. Ele alegou que o disparo era destinado a um membro de facção rival.