Por RODRIGO ÍNDIO
Após se negar a dar aulas a alunos de esquerda, a professora doutora Sheylla Susan Moreira da Silva de Almeida, da Universidade Federal do Amapá (Unifap), autodeclarada bolsonarista, foi desligada do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia (Rede Bionorte). A medida veio após sindicância que apurou e considerou o caso como assédio.
Tudo teve início no dia 2 de novembro, dois dias após o resultado do 2° turno das eleições presidenciais.
A docente efetiva do Curso de Farmácia, dona de um dos mais qualificados currículos da instituição, publicou em um grupo de WhatsApp de farmacognosia que não ia mais orientar dois alunos doutorandos. A justificativa era que eles eram “esquerdistas” e os expulsou do laboratório por eles terem votado em Lula (PT), e não em Bolsonaro (PL), para presidente da República.
A professora chegou a pedir desculpas por sua atitude, logo depois que a polêmica ganhou as redes sociais. Depois, solicitou afastamento das funções na Unifap por ‘problemas de saúde’, após a Polícia Civil instaurar inquérito para apurar o caso.
Em ofício enviado a Débora Arraes – doutoranda e uma das duas pessoas citadas por Sheylla Susan nas mensagens –, a Rede Bionorte pediu desculpas pela atitude da docente, mas responsabilizou a orientadora por suas atitudes.
Débora Arraes é professora da Universidade Estadual do Amapá (Ueap). No documento que ela recebeu, Sheylla Susan, sua orientadora de doutorado, foi descredenciada e sua orientação foi transferida para outro professor em caráter imediato.
A medida é do dia 9 de novembro, porém, só foi divulgada esta semana. Sheylla Susan também segue sendo alvo de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Unifap, que corre sob sigilo.