Por ANDRÉ SILVA
O cabeleireiro Mateus Furtado da Cruz, de 22 anos, recebeu autorização da Justiça do Amapá para doar parte do fígado para uma criança que está há dois anos na fila de transplante. A decisão é da 2ª Vara Cível da Comarca de Macapá, cidade onde o doador reside.
O ‘pedaço’ do órgão de Mateus vai para o menino Dérick Hanglis Monteles Pereira, de 7 anos, diagnosticado com colangite esclerosante, doença que atinge os dutos biliares intra e extra-hepáticos. Apenas um fígado novo pode salvar a vida do garoto.
A autorização da Justiça era necessária porque o doador não é parente do paciente, conforme preconiza a legislação sobre transplantes no Brasil.
Dérick é do Maranhão, mas está em São Paulo há dois anos por causa da doença. Atualmente, está internado em um hospital particular da cidade. Ele está pronto para o procedimento, que está agendado para a próxima quarta-feira, dia 14 de dezembro.
O exemplo vem de casa. Mateus, que já está São Paulo, contou ao portal Selesnafes.com que desde criança esteve envolvido, junto com os pais, em projetos sociais. Na casa dele, todos são doadores de sangue.
Além disso, ele, um dos irmãos e a mãe ainda são doadores de medula óssea. A mãe sempre os matriculou em projetos sociais em Macapá, como Peixinhos Voadores, da Polícia Militar, Cidadão Mirim e outros.
Atualmente, Mateus e a esposa participam da ‘Equipe dos Anjos’, grupo de profissionais de saúde e beleza que oferecem seus serviços gratuitamente a comunidades carentes da capital amapaense e fazem visitas em hospitais da cidade promovendo bem-estar para os pacientes.
No salão onde trabalha com a mãe desde os 18 anos, resolveu oferecer corte de cabelo gratuito no dia das crianças para o público infantil da comunidade em torno do salão.
“Desde pequeno, sempre tive contato com a comunidade e a gente sempre vê as dificuldades enfrentadas e se sensibiliza com isso”, reforçou o cabeleireiro.
Ele conheceu a história de Dérick, durante o atendimento de uma cliente do salão, que contou ter conhecido o garoto quando esteve acompanhando a filha em um tratamento em São Paulo. Como pai de um menino de 4 anos, ficou sensibilizado.
“Ela me falou da situação do Derick e eu disse que poderia ajudar sem problema nenhum. Fiz a tipagem sanguínea, que é o primeiro teste, e deu compatível. Fiz todas as consultas por telefone e vim pra São Paulo fazer exames e deu tudo certo. Estamos prontos pra cirurgia”.
Mateus está em uma casa de apoio que é mantida por doações. O dinheiro para as despesas vem dos pais, que dão todo apoio ao filho neste momento.
“As pessoas precisam se voltar mais a ajudar outras pessoas e entender a realidade do próximo. Às vezes, acham que ajudar é difícil, tem que fazer cadastro. Elas pensam: ah, eu não vou doar um pedaço do fígado e vou perder qualidade de vida! Não, não perde. A vida continua normal. E ajudar o próximo é a melhor recompensa. Quero que essa história seja vista como exemplo, que o sonho que tenho é ver a nossa humanidade restaurada”, ponderou Mateus.