“Fiquei sem chão”, diz garota que perdeu seio e luta contra o câncer

Beatriz precisa viajar para fora do Amapá para fazer o tratamento.
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Por ANDRÉ ZUMBI

O drama da adolescente Beatriz Costa de Lima, de 17 anos, que sofre com um câncer de mama, destaca a falta de tratamento para pessoas desta faixa etária no Amapá.

Ela e família correm contra o tempo para iniciar o tratamento em uma unidade do Hospital do Amor, em Porto Velho, Rondônia. Bia, como é chamada carinhosamente pela mãe, espera emissão de passagens aéreas pelo Programa Fora de Domicílio do estado (TFD).

A menina descobriu a doença este ano, de forma repentina. Em março, foi diagnosticada com uma anemia severa. Quando começou o tratamento, percebeu o surgimento de nódulos no seio direito.

“Começou a crescer do dia para a noite. Ficou enorme. No início conseguia dormir, mas depois não conseguia mais. Comecei a dormir na rede”, lembra.

Depois de uma ultrassonografia, durante a consulta, o médico chegou a tranquilizá-la e solicitou uma biopsia. O exame consiste em tirar um pedaço de tecido do corpo que se pretende examinar. Neste caso, de um dos nódulos detectados no exame.

“A gente veio toda feliz da consulta, né, pela notícia”, lembrou a garota.

O resultado da biopsia saiu em julho e a notícia, dessa vez, não foi boa.

“A gente chegou lá e o médico falou pra mamãe que ela já deveria estar consciente do que era’. Fiquei olhando pra ele e ele falou que eu estava com câncer. Fiquei sem chão. Tive uma crise de choro”, lembrou a adolescente.

Resultado de exame confirmando o tumor

Em agosto, Bia precisou fazer uma mastectomia, procedimento cirúrgico onde se retira a mama.

Após a cirurgia, a mastologista que acompanha o caso disse que seria necessário fazer quimioterapia. Em setembro, a família solicitou o tratamento junto à Unidade de Câncer do Estado (Unacon).

“Ela (a medica) disse assim: ‘quando for em dezembro, dois dias antes da Beatriz fazer a quimioterapia, você vem com ela aqui para ver a imunidade dela, aí eu dou a papelada do TFD pra você começar a dar entrada, para correr atrás’. Se ela tivesse me dado lá atrás, a Beatriz já tinha viajado e já tinha começado o tratamento”, disse, indignada, Maria Raimunda da Silva Costa, mãe de Beatriz.

Sem tratamento no estado

De acordo com Agenilson Silva, da ONG Carlos Daniel, o estado do Amapá não dispõe de tratamento de câncer para crianças e adolescentes. Atualmente, tanto a demanda, quanto a busca por leitos e acomodações para o paciente e a família tem sido providenciado pela ONG.

“Desde a cirurgia, que ela fez no dia 30 de agosto, a médica já deveria ter encaminhado, mas ficou segurando, negligenciando. Se ela não procura a ONG, essa moça poderia morrer. Mas Graças a Deus ainda deve dar tempo. A ida dela está dependendo da emissão das passagens pelo TFD, porque a consulta, a ONG Carlos Daniel garantiu”, assegurou Agenilson.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), que informou que o TFD solicitou a retificação do laudo ao médico, ou seja, o médico precisa confirmar que a menina está com câncer. Além de endereços e outros dados pessoais dela.

Campanha

A família da adolescente está promovendo uma campanha para arrecadar fundos para mantê-las em Porto Velho (RO). Quem quiser contribuir com doação em dinheiro, a chave pix é o CPF da mãe, 874.542.542-68.

Seles Nafes
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