Energia solar tem fila de espera no Amapá

Exploração da procura nada tem a ver com conscientização ambiental
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Por SELES NAFES

A produção fotovoltaica passou a ser a segunda fonte de geração de energia no Brasil, divulgou nesta quarta-feira (4) o governo federal. No Amapá, um dos estados mais favoráveis para esse tipo de geração por causa da Linha do Equador, as empresas estão encontrando dificuldades para atender todos os pedidos dos clientes. A fila de espera pode chegar a dois meses. Até a CEA Equatorial, concessionária de energia, não consegue dar vazão rápida para análise e vistorias dos sistemas.

No Amapá, cerca de 40 empresas atuam na comercialização, instalação e manutenção dos sistemas de painéis, a maioria faz parte de uma associação criada para fortalecer o setor.

A explosão da procura por sistemas próprios de geração tem algumas explicações, mas a preocupação com o planeta não é uma delas. A vontade de escapar da conta de energia cada vez mais cara fala mais alto. Em dezembro, os consumidores do Amapá tiveram um aumento de 36% por determinação da Aneel.

“Há 5 anos geração solar era coisa para rico, mas há 3 anos os preços começaram a baixar na medida em que houve o avanço tecnológico. Ficou mais barato, ao contrário da energia convencional que vem aumentando. A população fez as contas e viu que ficou viável”, explica Rafael Leite Santos, diretor da Associação Amapaense de Empresas de Energia Solar (AAPSolar).

A maioria dos sistemas vendidos no Amapá é para consumidores que possuem faturas de energia em torno de R$ 500. Nesses casos, o sistema custa em torno de R$ 22 mil. Famílias estão procurando os bancos para buscar financiamentos que são pagos entre 2 e 4 anos. A conta de energia já “zera” no primeiro mês de energia solar em casa.

Em muitos casos, as próprias empresas de energia solar fazem o meio de campo com os bancos em busca das melhores taxas, e assim facilitar a assinatura de novos contratos.

Equipes de empresa de Macapá iniciam instalação de painéis. Foto: Divulgação

Painéis em residência na zona oeste de Macapá

Conversor mostra em tempo real a energia que está sendo gerada e outras informações

Corrida

A super procura por energia solar no Amapá também teve outra explicação. Muita gente se apressou após a decisão do governo de “taxas o sol”, ou seja, de cobrar uma taxa para quem tem energia solar.

A justificativa oficial é de que o usuário vai continuar usando a rede de distribuição pública, para onde vai a energia gerada para abatimento pela concessionária em créditos na fatura do fim do mês. A taxação começaria no fim do ano, mas foi prorrogada para início do segundo semestre.

O aumento da demanda congestionou as empresas, que agora pedem 60 dias para instalar os sistemas. A CEA Equatorial também passou a demorar mais para analisar os projetos e fazer a vistoria (antes da mudança do sistema de consumo).

Sistema montado por rede de supermercados de Macapá. Fotos: Seles Nafes/SN

Oficialmente, a Aneel estabelece que a concessionária tem 15 dias para analisar projetos de microgeração (residencial e pequenos comércios), e 7 dias para fazer a vistoria na residência onde os equipamentos foram instalados. Para as mini-gerações, o prazo é o dobro disso.

“As mini gerações são contratadas por empresas que precisam de subestações, como supermercados e atacadistas”.

Prédios públicos

A energia solar veio para ficar, com tendência de avanço ainda mais rápido. Hoje, quem tem o sistema em casa tem o conforto de pagar apenas a taxa mínima da CEA Equatorial, que varia entre R$ 60 e R$ 90.

Os órgãos públicos também estão adotando os sistemas, seguindo uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU). TRE, TRT, Justiça Federal estão entre os que já usam energia solar no Amapá.  

Recentemente, o TCU baixou normativa dando prazo de 5 anos para que os prédios antigos também adotem a energia solar, e que todo prédio novo construído pelo poder público já deva ser concebido para usar a geração fotovoltaica.

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