Por SELES NAFES
Uma ex-diarista que trabalhou com o jornalista Olívio Fernandes foi quem salvou o comunicador de ser agredido, na manhã desta segunda-feira (9), na praça onde estava o acampamento de bolsonaristas. Ele tinha ido ao local para tentar conversar com manifestantes, após a ordem do STF para que todos os acampamentos em frente aos quartéis sejam desmontados.
Eram 7h30 quando o jornalista chegou à praça, em frente ao quartel da 34ª Brigada do Exército, na Avenida Padre Júlio Maria Lombard, no Bairro Alvorada. Ao se aproximar dos manifestantes para entrevistá-los ao vivo para o programa Luiz Melo Entrevista, ele foi cercado por vários deles.
“Estavam transtornados. Foram pra cima de mim, começaram a gritar comigo mandando eu sair. Eu virei meu telefone pra eles para filmar. Mandaram eu baixar o telefone e começaram a falar mal da imprensa. Eu disse que eu estava fazendo o meu trabalho. Foi quando uma mulher veio por trás e pegou o meu telefone”, explicou ao Portal SN.
O jornalista conta que foi imobilizado pelos bolsonaristas para que ele não fosse atrás do aparelho, que teve as imagens deletadas pela mulher.
Durante a confusão, outra manifestante reconheceu Olívio Fernandes.
“Me seguraram para eu não ir atrás do celular. Foi aí que uma das manifestantes me reconheceu porque trabalhou comigo em casa como diarista. Ela que pediu para não me agredirem”, revelou.
Depois de apagar as imagens do celular, a agressora ligou para um advogado que representa os manifestantes e o colocou para falar com Olívio Fernandes.
“Fui distratado por ele, então decidi desligar o telefone na cara do advogado. Não queriam me devolver o celular, mesmo eu explicando que foi caro e é meu instrumento de trabalho. Implorei para devolverem. Eles se reuniram e decidiram entregar com a condição de que eu sumisse”, recordou.
Nesse momento chegou uma equipe da TV Equinócio (afiliada da Record). Os jornalistas da emissora foram cercados ainda no carro, e foram orientados por Olívio a permanecer no veículo.
“Eu nunca tinha visto isso, em 33 anos de profissão”, comentou o jornalista, que depois de receber o telefone filmou de dentro do carro a manifestante que tinha lhe tomado o aparelho.
Por volta das 11h, a mulher foi detida pela PM e levada para a delegacia de polícia. O Portal SN acompanha os desdobramentos.
No meio da manhã, o governador Clécio Luís (SD) divulgou uma nota se solidarizando com Olívio e a equipe de TV.
Nota de repúdio
Em nome do jornalista Olívio Fernandes, e da equipe da TV Record, que foi agredido nesta segunda-feira, 9, durante cobertura da desmobilização do grupo que se estabeleceu em frente à sede do Exército em Macapá, presto minha solidariedade à toda a imprensa e repudio toda e qualquer hostilização aos comunicadores.
A imprensa é livre e essencial para a democracia. Nós não compactuamos com essas agressões. Por isso, determinei que as forças policiais apurem e identifiquem o responsável pelo ataque ao jornalista Olívio Fernandes. Solicitei à Polícia Militar (PM) e ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que mantenham equipes 24 horas em frente ao 34° BIS e que tomem providências caso haja algum manifestante que volte a ocupar o local ou que tente agredir qualquer cidadão.
Clécio Luís
Governador do Estado do Amapá