HE: O antes, o depois e o desde sempre…

Primeiras mudanças no hospital começaram a ser sentidas hoje, mas precisam fazer parte de uma mudança permanente
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Por SELES NAFES

São 60 anos do Hospital de Emergência de Macapá, o ex-Hospital de Pronto Socorro Oswaldo Cruz. E desde sempre, a maior unidade de referência em urgência e emergência do Amapá foi colocada em segundo plano por todos os governos que passaram, sem exceção.

Um puxadinho aqui, uma sala nova ali, mas nada que representasse de fato um atendimento digno aos pacientes. Os corredores lotados não são uma exclusividade do governo Waldez. Já era assim com Camilo, João Capiberibe e Barcellos. Com este último em menor proporção porque a população ainda não tinha o tamanho que tem hoje.

Mas não é só o tamanho do HE que incomoda. A manutenção do prédio foi simplesmente ignorada todo esse tempo. Nem os banheiros prestavam. Não bastasse ficar internado no corredor numa maca de ambulância, era necessário sentar no vaso de um banheiro tomado pelo fedor, louças sanitárias antigas, quebradas e com instalações elétricas aparentes onde nem a descarga funcionava.

Pessoal nunca foi problema no HE. Minha mãe, Eliana Maria, que morreu de câncer no dia 11 de novembro de 2022 na Unacon, passou 3 noites no HE, duas delas no chão da rampa que dá acesso ao centro cirúrgico. Mesmo assim, era visitada pelos médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, pessoal de enfermagem. E vi que era assim com todos.

Outros pacientes me pediam para fazer um registro público, mas, naqueles 3 dias, o meu foco era dar a assistência à minha mãe. Estávamos todos na mesma situação, mas alguns tiveram a sorte de ter uma maca de ambulância para dormir.

Clécio conversa com paciente no corredor do HE nesta quinta, 5

Enfermaria antes…

…e depois

Com os novos leitos as macas de ambulâncias começaram a ser liberadas. Fotos: Seles Nafes

Primeiros banheiros recuperados

Na minha vida de repórter, eu já tinha escrito e publicado dezenas de reportagens sobre o HE que nunca surtiram efeito em termos de mudança ou investimento. Aliás, nas últimas décadas os governos passaram (infelizmente) a aceitar os impactos e o desgaste político gerado pela inconformidade da população com o HE.

No ano passado se acendeu uma luz esperança. Com recursos do senador Lucas Barreto (PSD), o governo Waldez construiu o anexo do HE, mas, diante de tanta demanda, foi como usar Buscopan no lugar do Tramal (para dor mais severa). Além disso, o velho prédio do HE continuou velho e desorganizado.

Waldez tem o mérito de, junto com Davi, ter conseguido a área residencial do Exército para construir o novo hospital, que agora caberá à Clécio erguer com apoio político.

Anexo construído Waldez. Foto: Seles Nafes

Nesta quinta-feira (5), depois de passar 4 dias governando de dentro de hospitais, Clécio reabasteceu o HE e foi conferir os reparos, aquisição de novos leitos, climatização e até a reforma dos tétricos banheiros. Pelo menos dos primeiros. Hoje, fiquei olhando para um deles e lembrei da minha mãe ali em junho. Aliás, tive que carregar ela nos braços para dentro do HE porque não havia maca e nem cadeiras de rodas, numa cena que é bem comum nesta unidade. 

O que a população espera agora é que Clécio leve adiante essa preocupação demonstrada na campanha eleitoral e no início do governo dele, e que construa de uma vez por todas o bendito novo HE.

Seles Nafes
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