Por SELES NAFES
O clima é de preocupação nas ruas de Pedra Branca do Amapari e de Serra do Navio, dois municípios vizinhos na região oeste do Amapá. O motivo é a crise econômica criada com a paralisação das atividades da Mina Tucano, pertencente à mineradora canadense Great Panther, que entrou em recuperação judicial.
A atividade da mineradora de ouro gerava empregos diretos e indiretos por meio de terceirizadas, além de pagar royalties importantes para os caixas das duas prefeituras que sempre foram muito dependentes de repasses públicos. As duas cidades possuem pouca atividade empresarial.
Em outubro do ano passado, a Geat Panther surpreendeu o poder público ao avisar que estava entrando em recuperação judicial. A empresa deu explicações no mínimo rasas para o motivo. O que mais causou estranheza foi que a crise estourou poucos meses depois de a própria empresa anunciar que ia aumentar a produção de ouro com a abertura de uma nova mina subterrânea.
No processo de recuperação que ajuizado na justiça do Rio de Janeiro, a empresa afirma que a ideia é “permitir que os devedores tentem reestruturar suas operações e passivos e para enfrentar uma situação de dificuldade financeira”.
As prefeituras, prestadoras de serviço e trabalhadores foram os primeiros a sentir os impactos. Ainda em outubro, a empresa repassou integralmente os royalties para Pedra Branca, por exemplo.Mas, a partir de novembro, os valores foram caindo. Na semana passada, Pedra Branca recebeu “apenas” R$ 300 mil, e a previsão é de que não haja mais repasses a partir de fevereiro e por todo este ano.
Dezenas de trabalhadores já foram demitidos. Em Serra do Navio, o impacto foi sentido na folha de pagamento, atrasada há quase três meses.
Apesar disso, não será a primeira vez que os dois municípios serão impactos para o encerramento de grandes projetos de mineração. Foi assim com a Icomi, responsável pela criação de Serra do Navio, e depois com a MMX, mineradora de ferro do empresário Eike Batista, no início dos anos 2000.