Cruz de sepultura nazista é restaurada, mas mistério sobre expedição permanece

No local foi sepultado o oficial alemão Joseph Greiner, que morreu aos 30 anos
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Por SELES NAFES

Cerca de 87 anos depois, permanece sendo um mistério o objetivo da expedição nazista veio parar no Amapá. A cruz que marca a sepultura onde foi enterrado o oficial alemão Joseph Greiner, que tinha aproximadamente 30 anos, fica próximo da Cachoeira de Santo Antônio, no município de Laranjal do Jari, no sul do Amapá. Este mês, a cruz foi revitalizada pela prefeitura, que decidiu agregar valor turístico e histórico ao local.

O cemitério já era usado por moradores da vila de Santo Antônio da Cachoeira (que existe há mais de 200 anos), e pela comunidade quilombola de São José, quando chegou ao Amapá a Expedição Jari, composta por quatro alemães, entre eles Joseph Greiner. Segundo pesquisadores, Greiner foi escolhido como intérprete, já que vivia no Brasil (Rio de Janeiro) desde a adolescência.

“A comunidade de Santo Antônio da Cachoeira era um entreposto de mercadorias, principalmente industrializadas e de munição. Numa dessas vindas do grupo à comunidade, ele adoeceu, provavelmente de malária, não se tem certeza. Como ele morreu, não havia o que fazer se não enterrar no cemitério”, explica o secretário de Cultura de Laranjal do Jari, Jairo Guerreiro.

Existem várias teorias sobre o objetivo da expedição. Alguns pesquisadores falam em pesquisa da fauna e flora, desenvolvimento de armas biológicas e a mais provável dela (pelo perfil expansionista de Hitler), seria mapear a região para a fundação de uma Guiana Alemã.

Joseph Greiner morreu no dia 2 de janeiro de 1936. A expedição ainda continuou por mais um ano. Meses depois, os três integrantes retornaram para a Alemanha, mas deixaram uma parte do diário deles em Laranjal do Jari. O exemplo está em exposição.

Indígenas da etnia Apalaí. Foto: Ullstein Bild

Cruza cercada de mato antes da inundação de 2022. Fotos: Divulgação

Processo de restauração…

…e agora de volta ao lugar

Seja qual fosse a intenção da expedição, a única certeza é de que Joseph Greiner não está mais enterrado no Jari há muitos anos. Os restos mortais foram transferidos para sua terra natal, a pedido do governo da Alemanha.

Ponto de visitação

Apesar de tudo de ruim que os nazistas fizeram ao mundo, é inegável o interesse histórico e turístico pelo assunto. No ano passado, durante a cheia do Rio Jari, a cruz foi arrancada pela força das águas, mas foi recuperada.

A pedido da Secretaria de Cultura, o prefeito Márcio Serrão (UB) determinou que a cruz fosse restaurada e recolocada no lugar com reforço metálico e base de concreto, capaz de resistir a novas inundações.

“A cruz é um monumento que aguça curiosidade e atrai muitos turistas intrigados sobre o que Hitler queria aqui no Vale do Jari anos antes da 2ª Guerra Mundial”, avalia Guerreiro. A expedição chegou ao Amapá em 1935, e a guerra começou em 1939.

O cemitério fica a 37 km da sede de Laranjal do Jari, e é possível chegar ao local após 40 minutos de voadeira, partindo da sede do município.

Seles Nafes
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