Por ANDRÉ ZUMBI
Profissionais da enfermagem do Amapá cruzaram os braços na manhã desta terça-feira (14). Eles se uniram à paralisação nacional da categoria que reivindica o pagamento do piso salarial, sancionado, porém suspenso pelo STF.
Em Macapá, eles se reuniram na Praça da Bandeira e caminharam até a frente do Palácio do Setentrião, sede central do Executivo Estadual, e do Tribunal de Justiça do Amapá, sede central do Judiciário Estadual.
Enfermeiro com 22 anos de experiência, Guilherme Lopes, de 56 anos, disse estar indignado com a falta de reconhecimento do poder público. Ele trabalhou durante a pandemia de covid-19 no Hospital Universitário (HU) em Macapá, no momento mais crítico da saúde no Estado.
“No primeiro dia do ano, eles (Judiciário e Executivo), aumentaram seus salários sem querer saber se ia impactar ou não o orçamento do país. Agora, quando chega o momento de reconhecer o trabalho da Enfermagem, eles suspendem o pagamento. Se não pagarem, a gente vai parar”, ameaçou o enfermeiro.
Segundo o presidente do Sindicato dos Profissionais da Saúde do Amapá (Sindsaúde), Klinger Campos, nem o prefeito de Macapá, Dr. Antônio Furlan, nem o governador do estado, Clécio Luís, atenderam ao pedido de reunir com a categoria. Ele considera a falta de diálogo um desrespeito com a categoria que ajudou a salvar muitas vidas na pandemia.
“Encaminhamos dois ofícios ao governador, mas ele não nos recebeu. Eles têm mais de 2 mil contratos administrativos, então têm como pagar, é só cortar na carne”, disse Klinger.
Ele pontuou que a paralisação desta terça-feira foi apenas um indicativo para a greve geral programada para o próximo dia 10 de março, caso o pagamento do piso nacional não seja efetivado.
Após alguns minutos de protesto em frente ao Setentrião, o chefe de gabinete do governo, Richard Madureira, solicitou que fosse destacada uma comissão para uma rodada de conversa.
“Vamos conversar e ouvi-los”, limitou-se a declarar Madureira.
Piso nacional
A lei que regulamenta o piso salarial da Enfermagem chegou a ser aprovada nas duas casa do legislativo nacional e sancionada pelo ex-presidente Bolsonaro (PL), mas antes que entrasse em vigor foi suspensa pelo ministro Luís Roberto Barroso, por 60 dias. Ele justificou que seria necessário apontar as fontes de onde viriam os recursos necessário para o pagamento.
A lei sancionada estabeleceu piso de R$ 4.750 para os enfermeiros; de R$ 3.325 para os técnicos em enfermagem; e R$ 2.375 para os auxiliares de enfermagem e parteiras.