Por HUMBERTO BAÍA, de Oiapoque
Caminhoneiros estão levando até cinco dias para chegar em Oiapoque, a 590 km de Macapá, em função das péssimas condições do trecho norte da BR-156. Os veículos transportam combustível, gêneros de primeira necessidade e materiais de construção. A chuva que castiga a região abriu buracos imensos e vários pontos de alagamento no trecho não asfaltado, transformando a viagem que dura em média 12 horas (em tempos sem chuva) num verdadeiro calvário.
Com 70 anos de idade, a BR-156 é a obra pública mais antiga do Brasil, e é nesta época do ano que ela costuma testar a bravura dos viajantes. No último domingo (12), caminhoneiros estavam desde quinta-feira tentando chegar em Oiapoque.
Além do combustível e alimentos, os caminhões também levavam granito, cimento e tijolos. O material será usado na construção da hidrelétrica de Salto Cafesoca, no Rio Oiapoque, fronteira com a Guiana Francesa. A obra é tocada por uma empresa que venderá a energia.
Os caminhões da empresa construtora seguiam em comboio atravessando a Floresta Amazônica. O pior trecho de 110 km fica entre o distrito do Carnot (Calçoene) e 60 km antes de chegar na entrada de Oiapoque. Mesmo nesse trecho antes de Oiapoque já é ruim passar. Sem manutenção, o asfalto apresenta trechos grandes de fadiga.
Na beira da estrada e atolados, caminhoneiros pedem água a outros viajantes. Já são cinco dias de aflição. Somente carros tracionados conseguem passar, e com bastante dificuldade.
Em outro trecho da BR-156, conhecido como Primeiro do Cassiporé, a ponte de madeira de 60 metros de cumprimento também dá sinais de fadiga. Uma empresa especializada em reconstrução já está no local.
Em janeiro, o governador Clécio Luís (SD) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede), conseguiram a promessa do novo ministro dos Transportes, Renan Filho, de concluir os 10 km na região do Carnot e de licitar como lote único os 100 km que faltam até Oiapoque.