Por OLHO DE BOTO
Dois homens foram presos, nesta quarta-feira (22), com R$ 26 mil e centenas de cartões e documentos pessoais de indígenas da etnia waiãpi durante uma operação da Polícia Civil do Amapá que revelou um esquema de agiotagem e extorsão.
A investigação é da Delegacia de Pedra Branca do Amaparí, que apura os crimes de estelionato, apropriação indébita, extorsão e usura praticados contra indígenas de diversas aldeias waiãpis da porção centro-oeste do Amapá.
A ação policial, denominada Operação Apina, teve apoio da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE). Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, sendo dois em Pedra Branca e um em Macapá.
De acordo com o delegado Antério Almeida, desde o ano de 2014, três indivíduos emprestavam dinheiro para indígenas a juros exorbitantes.
Segundo as investigações, como forma de garantir o pagamento do valor emprestado, os investigados retinham os cartões de crédito e bancários de contas pelas quais as vítimas recebiam benefícios do Governo Federal. O empréstimo só era concedido se os indígenas revelassem as respectivas senhas dos cartões.
Os agiotas também exigiam documentações pessoais e não os devolviam. Durante o cumprimento das ordens judiciais nas residências dos suspeitos, os policiais encontraram, além do dinheiro, carteiras de identidade e de trabalho, certidões de nascimento, títulos eleitorais, cartões de crédito com as respectivas senhas, cartões de programas federais como Bolsa Família, Auxílio Brasil e Benefício de Prestação Continuada.
Uma arma de fogo, munições, ouro em pó, diversos cadernos de contabilidade e celulares também foram apreendidos.
Duas pessoas foram presas em flagrante e, além dos crimes citados, responderão por posse ilegal de arma e munição e crime de usurpação de patrimônio público da União
“Aproximadamente, 150 índios da Etnia Waiãpi encontram-se num ciclo interminável de empréstimos, sem receber seus salários, aposentadorias e benefícios federais durante vários anos, sem ter meios de subsistências para prover sua alimentação e saúde, sendo vítimas de agiotas que se aproveitam de suas vulnerabilidades”, resumiu o delegado.
Os dois presos serão encaminhados para à audiência de custódia.