Por ANDRÉ SILVA
Uma artista plástica amapaense, autodidata de técnica peculiar, promove uma exposição com suas obras para arrecadar recursos que serão aplicados para custear uma viagem até Londres, onde ela conseguiu uma bolsa de estudos de 3,5 meses. A passagem já está comprada, resta apenas dinheiro se manter na cidade inglesa.
A exposição “Ficar Sem Arte Sufoca” está aberta desde segunda-feira (17) e vai até esta terça (18), no Amazoom Coworking, que fica na Rua Odilardo Silva, 1039, no Bairro Laguinho, região central de Macapá. A entrada é gratuita.
O despertar
A primeira exposição da macapaense Cristiane Guedes Pinto, de 31 anos, aconteceu quando ela ainda era criança. Aos 7 anos foi internada para passar por uma cirurgia. De forma despretensiosa, os profissionais de saúde que a atendiam no hospital, deram-na tinta e pincel para que pudesse ter algo para passar o tempo.
A menina, então, pintou os médico e enfermeiros do hospital. A iniciativa mexeu tanto com os profissionais, que eles mesmos sugeriram que ela expusesse os desenhos. Aos 11 anos, ainda tentou seguir carreira. Matriculou-se na escola de artes Cândido Portinari, em Macapá, mas o receio de não conseguir se sustentar com o ofício a fez ir buscar outros meios.
“Aqui a gente ainda tem um preconceito muito grande com isso. Então, resolvi ir para outra área, porque, aqui, tem gente que acha impossível viver disso (arte)”
O tempo passou e enquanto Cristiane crescia, a arte ficava adormecida dentro dela. Até que aos 29 anos, já formada em fisioterapia, precisou passar por nova cirurgia e ficar se recuperando no hospital. Foi quando a arte despertou novamente.
“Lembrei de coisas que eu fazia naquela época (da primeira cirurgia) e resolvi voltar pintar. Só que, aí, voltei com novas habilidades. Tudo muito autodidata”.
Atualmente, Cris Guedes usa uma técnica singular de pincelada, que ela identifica como “pintura em espátula e dedo” – porque utiliza uma pequena espátula para fazer os traços de tintar o próprio dedo.
Cris se identifica como empreendedora criativa, por isso, busca conhecimento em tudo que é material didático que fale sobre o tema. Durante a pandemia, a vontade de empreender com arte falou mais forte e ela abriu uma empresa, onde comercializa suas obras e realiza serviços.
“Resolvi arriscar e tentar algo novo. Trazer a arte de maneira diferente, criativa e inovadora para o nosso estado. E hoje eu vivo cem por cento disso. Então, formação na área, eu tinha nenhuma. Então, meu o jeito esse ano, era começar uma graduação. Porque sabia que isso tinha um peso. As pessoas perguntam: ‘você dá aula, pinta? Você aprendeu aonde? Você tem currículo?’ E eu não tive nenhum”.
Iniciativa para idosos
A artista ministra oficinas de pintura para crianças e idosos. Todo material usado nos cursos é custeado por ela. O valor vem das vendas de quadros e outros serviços. A iniciativa, diz Cris, é ‘o achado de um propósito na vida’.
“Quando a gente encontra esse propósito, encontra a necessidade no mundo, a gente encontra demanda e o mercado. A gente encontrou aonde chegar e ainda ama o que faz… Então, acaba que tudo que a gente construiu não foi um simples trabalho, porque a gente consegue tocar as pessoas. É incrível a quantidade de áudios que eu recebo e as mensagens. Isso confirma que estou no caminho certo”.
Para acessar os serviços da artista, basta acessar a página dela do Instagram @crisguedes.