Depoimento de assassino revela desespero de professora Odete

Alexandre disse que prestava serviço à vítima há dois anos, e que vendeu celular da vítima por R$ 80 a um mototaxista
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Por OLHO DE BOTO

Com muita serenidade, o assassino confesso da professora Odete Chagas Pennafort, de 74 anos, prestou depoimento à Polícia Civil neste domingo (24), após ter sido preso numa viela do centro administrativo do governo, no Centro de Macapá. Aos delegados que investigam o caso, ele revelou como entrou na casa, admitiu o estupro, e contou porque decidiu matar a professora.

Alexandre Matheus Macena das Neves, de 24, anos, estava fumando maconha quando foi abordado pelos policiais, a poucos metros da sede da Delegacia Geral de Polícia.

Imagens de câmeras de vários imóveis ajudaram a polícia a refazer o caminho do assassino desde a madrugada do crime, no último dia 20. Ele tinha saído da casa da professora pelo portão da frente, com um boné preto.

Alexandre contou que conheceu a vítima há dois anos, quando batia de porta em porta no Bairro do Laguinho à procura de trabalho. A bondosa professora o ajudou. Pelo menos uma vez por semana, ele aparecia na residência para limpar o quintal e arrancar cocos.

Na madrugada do crime, ele disse que tinha bebido e fez a pé o percurso do Centro ao Laguinho, já com a intenção de roubar a casa da vítima, na Avenida Ana Nery. Alexandre afirmou que não tinha visto nada específico de valor na residência que o motivasse a cometer o crime.

“Era uma pessoa humilde, que não tinha muitas coisas”, comentou.

Policiais na casa da vítima na manhã em que o corpo foi encontrado Fotos: Olho de Boto/SN

Professora na época da pandemia: 30 anos dedicados à educação. Foto: Ascom/GEA

Quando chegou, pulou o muro lateral, arrombou a grade de trás da cozinha e conseguiu abrir uma janela que teria ficado mal fechada. Ele viu que Odete Pennafort dormia numa rede em seu quarto e iniciou uma busca pela casa, chegando a acender luzes no interior da residência.

O movimento acordou a professora, que ficou assustada.

“Falei pra ela ficar quieta, que eu não ia machucar ela”, ressaltou.

Até este momento, Alexandre narrou que não estava armado, por isso agarrou a professora pelo pescoço e a engasgou até que ela desmaiasse. Depois disso, continuou a revirar a residência atrás de objetos de valor.

“Ela se acordou, e o que não deveria ter acontecido, aconteceu. Eu abusei dela”.

Assassino é conduzido para exame de corpo de delito

Alexandre: “Ela era humilde”

Gritos

Depois do estupro, a professora teria entrado em desespero e começou a gritar. Segundo o criminoso, foi aí que ele decidiu ir até a cozinha e pegar uma faca que estava numa gaveta. Alexandre afirma se lembrar que deu apenas um golpe no pescoço da professora, que ficou no chão agonizante.

“Fiquei assustado com o que eu fiz e comecei a jogar roupas em cima dela”.

O assassino diz que saiu da casa pelo portão da frente levando numa sacola o celular da professora, R$ 23,00 e três vidros de perfumes. Ele ainda voltou à casa quando percebeu que havia deixado o portão aberto.

Depois de caminhar de volta ao centro, ainda de madrugada, Alexandre Neves falou aos delegados que parou um mototaxista e ofereceu a ele o celular da vítima. O negócio foi fechado em R$ 80.

Em seguida, o assassino disse ter ido para a vila da Caesinha para dormir, apesar de afirmar que sua residência fica no Canal do Jandiá. A polícia acredita que ele tenha ido comprar drogas.

Após ser preso. Fotos: Olho de Boto/SN

Na manhã seguinte, uma sobrinha da professora encontrou o corpo dela debaixo da rede onde foi surpreendida pelo bandido. Ela tinha sangue nas partes íntimas, o que fez os delegados perguntarem ao criminoso se ele tinha introduzido algum objeto na professora. Ele negou.

Alexandre confessou ter cumprido pena no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) por furto, crime que o fez ser preso pelo menos outras três vezes.

Nesta segunda-feira (24), delegados que participam das investigações darão uma entrevista coletiva às 11h, na Delegacia Geral de Polícia. Alexandre foi indiciado por estupro e latrocínio.

Seles Nafes
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