Êxodo, covid, natalidade: IBGE tenta explicar ‘redução’ da população do Amapá

Também teria ocorrido queda na migração para o estado, e iniciado um movimento reverso
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Por ANDRÉ SILVA

Daqui a um mês, o IBGE vai finalizar a contagem do Censo, mas, antes disso, os técnicos do órgão já têm certeza que crescimento populacional do Amapá foi menor do que anunciou o próprio instituto, em 2020.

Há mais de dois anos, o cálculo era de que o Estado inteiro teria 877.613 habitantes. Agora, com base na prévia do novo Censo, os cálculos são de que houve recuo demográfico. O Amapá teria 774.268 habitantes. Os dados ainda serão finalizados, mas já causam polêmica.

No Amapá, gestores e até técnicos do próprio IBGE imaginavam que o estado bateria 1 milhão de habitantes no censo de 2022. Em dezembro, data da última prévia, já havia certeza de que faltariam 105 mil pessoas até para fechar a conta de 2020. O último censo, de 2010, tinha apontado 669 mil habitantes em todo o estado.

Para o IBGE, que evita falar em falhas de pesquisadores na contagem do Censo atual, o Amapá, assim como o restante do Brasil, passou por alguns fenômenos, como as mortes na pandemia de covid-19, diminuição na taxa de natalidade e até migração para outros estados e países. O instituto afirma que o erro de cálculo foi provocado por esses e outros fatores.

“O problema é que a estimativa errou. Não teve uma contagem da população no meio da década, não pudemos fazer o censo em 2020 e não ajustamos a estimativa aos novos padrões de natalidade. Quais são os fatos? Reduziu a natalidade, reduziu a entrada de migrantes e aumentou o número de pessoas saindo do estado”, pontuou o pesquisador do IBGE no Amapá, Joel Lima.

Nos municípios, ele aponta Laranjal do Jari, no sul do Amapá, como um exemplo onde houve um êxodo de moradores em decorrência da crise econômica enfrentada na região pela decadência da Jari Celulose.

“Mas repito: é prudente esperar o resultado para analisar”, orientou.

Pesquisador visita residência na zona norte de Macapá, nesta terça-feira (25): reta final

Joel Lima, do IBGE: é preciso esperar o fim do censo

A contagem do Censo, que foi prorrogada, encerra no dia 28 de maio. O resultado final, que deve confirmar ou não os 774 mil habitantes, ainda não tem data de divulgação.

No Brasil, com base no censo de 2010, o IBGE apostava que o país chegaria a 215 milhões de habitantes, mas a estimativa de dezembro derrubou esse número para 207,8 milhões.

Em todo o país, prefeitos estão entrando na justiça para questionar o Censo, já que a população é base de cálculo para repasses federais, especialmente para educação, saúde e programas sociais.

Contudo, em fevereiro deste ano, por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a decisão normativa do TCE que determinava a utilização da estimativa populacional do IBGE como base para o repasse do FPM. O repasse precisará levar em consideração a população estimada em 2018, antes da pandemia de covid-19.

Seles Nafes
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