Por ANDRÉ SILVA
Há quase 20 anos, um morador do Bairro Boné Azul, localizado na zona norte de Macapá, começou a cultivar árvores em uma área que acabou se tornado um bem da comunidade. Agora, o lugar está ameaçado e os moradores pedem ajuda do poder público para mantê-lo intacto.
Segundo eles, a pequena reserva ambiental da comunidade que fica localizada na 9ª avenida, começou a ser cultivada pelo senhor Antônio dos Santos Palheta, conhecido como Seu Didó. Com seu espírito ambientalista, o idoso contagiou o restante da comunidade e juntos eles criaram um cantinho onde existem várias árvores frutíferas e não frutíferas plantadas.
O homem chegou a ter o trabalho reconhecido pela Prefeitura de Macapá, como mostra o certificado que ele exibe com orgulho.
Entretanto, há algumas semanas, um morador decidiu dar cabo em algumas das espécies. Isso suscitou a preocupação da comunidade, que passou a protestar nas redes sociais e denunciar o destruidor.
A assistente administrativa Edilberta Costa, de 41 anos, explicou ao Portal SelesNafes.com que seu Didó precisou sair da cidade para auxiliar a esposa, que trata uma doença fora do estado. Ela disse que ele mantém o local limpo e afasta qualquer tipo de ameaça, só que com a ausência dele, isso mudou.
“Por conta desse afastamento dele, as pessoas maldosas querem fazer o desmatamento das árvores. Esse é um ambiente agradável. Essa área coberta é livre. Tem famílias que vêm pra cá aproveitar. Nos deixa totalmente tristes e chateados ao ver alguém tentando desmatar esse lugar”, afirmou, indignada, a moradora.
A líder comunitária Nete Cardoso, considera criminosa e maldosa a atitude do morador. Para ela, o espaço é de toda a comunidade e não de apenas uma família, inclusive todos cuidam do espaço, apoiando ao seu Didó. Ela afirma que o idoso plantou muitas espécies de árvore, como andiroba, jaca e outras.
“Pra gente, é um local onde a gente se sente bem. Nos assustou muito quando os moradores começaram as denúncias nas redes sociais e me procurou pra falar. Infelizmente, é a atitude isolada de uma pessoa só num local com mais de quatro mil pessoas. A comunidade pede que o local seja preservado”.
A reportagem ouviu o principal pivô de toda a polêmica. Se trata do professor Antônio Maria Reis, de 52 anos. Ele explicou que a intenção não era desmatar a área e, sim, fazer um controle de plantio.
Na opinião dele, árvores frutíferas muito próximas umas das outras prejudica uma delas.
“Se aqui tem várias mangueiras, é porque caem os caroços e vai nascendo outras próximas. Tem que cortar algumas porque uma vai tirando a força da outra. A gente não está mais comendo manga que preste porque uma tira a força da outra”, justificou o professor.
Ele afirmou que o seu Didó não cuida de toda a área e sim de um pequeno espaço e que mais árvores já estavam plantadas no local.
“Todo mundo diz que foi só o seu Didó que plantou, mas não foi só ele. Foi toda a comunidade. Eu só estou fazendo um controle. Ninguém tá desmaiando”, rebateu, mostrando uma árvore que pretende colocar no lugar da que foi derrubada.
O professor foi multado pela Secretaria de Meio Ambiente de Macapá, mas está recorrendo da decisão. Ele falou que a única falha que cometeu foi não ter buscado ajuda técnica especializada para fazer o controle das espécies plantadas no local.