Por OLHO DE BOTO
Um crime bárbaro e hediondo foi registrado em uma casa da Avenida Ana Nery, no tradicional Bairro do Laguinho, na região Central de Macapá, onde uma professora aposentada, muito conhecida na cidade, residia e foi encontrada morta, com sinais de extrema violência, no começo desta tarde de quinta-feira (20).
Odete Chagas Penafort, 74 anos, morava sozinha. O corpo dela foi achado pela sobrinha, Fabíola Pennafort. Ela contou à polícia que chegou por volta de 12h. Do portão, gritou para a tia. Como a idosa não atendeu e o portão estava destrancado, Fabíola entrou.
“Ela costumava ficar com os meus filhos quando eu precisava. Falei com ela ontem no final da tarde. Hoje vim ver se meu filho havia esquecido um sapatinho e me deparei com a casa aberta”, relatou a sobrinha.
Ao chegar na sala, ainda chamando pelo nome da tia, ela estranhou os pertences todos fora do lugar. Assustada, caminhou até o quarto e encontrou a tia no chão do cômodo, de bruços, com a cabeça ensanguentada. Apavorada, saiu e foi para a casa ao lado, onde mora a sua mãe, irmã da vítima. Em seguida, familiares acionaram a polícia.
Violência
O corpo apresentava sinais de espancamento no rosto e de uma facada no pescoço. Estava enrolado em um tapete, que ficava sempre debaixo da rede onde a mulher costumava descansar.
Somente a perícia pode confirmar, mas existe a suspeita de estupro. A vítima tinha manchas de sangue nas partes íntimas e estava semidespida.
Latrocínio
Por enquanto, nenhuma testemunha do caso. Apenas um vizinho relatou que saiu de casa para trabalhar, por volta de 7h30, e percebeu que o portão estava entreaberto, mas imaginou que a idosa poderia ter saído para comprar pão.
A polícia acredita que a professora Odete foi atacada entre a noite de quarta-feira (19) e o amanhecer de quinta. Ela foi vista, ainda viva, pela última vez, por volta de 18h de quarta, horário em que costumava se recolher.
Segundo o delegado Sérgio Grott, coordenador do Ciosp do Pacoval, a linha de investigação aponta para o crime de latrocínio. A tese é sustentada pela maneira que a casa foi encontrada, completamente revirada, além disso, pertences pessoais como bolsa, cartões de banco, documentos pessoais, e celular não foram encontrados na casa.
A equipe liderada pelo delegado Ronaldo Entringe, da Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher (DECCM).
Revolta
O crime não apenas chocou, como também revoltou à comunidade, vizinhos e familiares da vítima. O pastor evangélico Valdenor Guedes, que era amigo pessoal e de igreja da professora, esteve no local assim que a notícia correu as redes sociais.
Ele disse que ela também era muito dedicada na congregação evangélica a qual se doou por muitos anos. Guedes lembra que Odete Penafort gostava de entoar hinos gospel nos cultos da Assembleia de Deus.
“É revoltante. Uma pessoa de bem uma bem, uma pessoa que deu a vida na missão de educar e de evangelizar neste Estado. A Odete era uma pessoa calma, meiga. Foi uma covardia, visto que ela, com mais de 70 anos, era uma pessoa frágil fisicamente”.
Mesmo indignado com a barbárie, o pastor não deixou a fé de lado e falou que vai orar para que os investigadores consigam solucionar o caso.
“Eu creio que Deus é poderoso para ajudar a desvendar esse mistério, abençoar os nossos agentes e delegados envolvidos, que possam capturar esses criminosos”, profetizou o pastor.
Educação
Odete Penafort era muito querida e famosa no setor de Educação, onde trabalhou por mais de 30 anos. Os últimos anos de magistério foram lecionados na Escola Estadual Barão do Rio Branco.
Aposentada recentemente do serviço público federal, ela passou a emprestar sua experiência de educadora à Faculdade de Teologia e Ciências Humanas (Fatech) de Macapá, instituição privada de ensino superior.
Professora Odete era de uma família tradicional do Amapá. Era parente dos jornalistas Hélio (in memorian) e Graça Penafort, bastante conhecidos no Estado.