Estrangeiro em situação de rua é acolhido por policiais do Amapá

O estranho apresenta sintomas de doença mental e estava cometendo atos obscenos; comunidade pedia prisão por ele se masturbar na rua
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Por SELES NAFES

Um estrangeiro que estava vivendo pelas ruas de Oiapoque, a 590 km de Macapá, e cometia atos obscenos em público, recebeu uma nova chance numa atitude de empatia. Ele foi acolhido por policiais civis que viram que necessidade dele não era prisão, mas um tratamento para saúde mental.

O desconhecido, que tem compleição física avantajada, teve passagens anteriores pela delegacia sempre que era denunciado por se masturbar em público. Não há relatos de que ele tenha importunado ou atacado algum morador.

Agentes levantaram informações sobre o desconhecido e descobriram que ele teria sido deixado no município há cerca de um ano e meio por um barco de pesca. Desde então, ele passou a viver pelas ruas e a depender da solidariedade de alguns moradores.

Ele tem aproximadamente 35 anos, não fala português, e não sabe assinar o próprio nome. A polícia desconfia que ele seja do Haiti. No formulário de atendimento na delegacia de polícia, o desconhecido assinou “Malbec”, nome de um perfume usado como apelido irônico por moradores em função do forte odor da falta de higiene pessoal. Antes de ser levado para a delegacia de polícia, Malbec recebeu um banho e embarcou na viatura.

O delegado e coordenador do Ciosp, delegado Charles Corrêa, que está de licença médica e organizando a Corrida Brasil/França, teve que entrar em cena a pedido de comerciantes que queriam a prisão de Malbec.

Malbec estava vivendo pelas ruas de Oiapoque há um ano e meio

O estranho assinou o formulário na delegacia com o apelido

A ideia é continuar o tratamento em Macapá

“Ele sofre de acometimento psiquiátrico. Só que quando a pessoa não toma os medicamentos adequados o quadro piora. No início ele era só mais um estrangeiro aqui sem eira e nem beira, um problema de Oiapoque por causa do grande fluxo migratório”, explica o delegado licenciado.

“Temos que ter uma empatia pelo ser humano. O problema dele é de saúde. Trabalhei por 13 anos como nutricionista na rede pública junto com psicólogos e psiquiatras”, acrescentou.

O delegado conseguiu apoio do gabinete do governador e da direção do Hospital de Oiapoque, para onde ele foi levado. O desconhecido tomou mais um banho e recebeu medicamentos. Para o delegado, trata-se de um caso social e de saúde.

Delegado Charles está de licença, mas acabou se envolvendo com o caso: empatia

O estrangeiro foi internado e deverá ser encaminhado para Macapá para continuação do tratamento.

“Ele poderia ter atacado uma mulher? Poderia, mas nesse momento ele precisava de tratamento de saúde. A gente tem que ser mais ser humano nesse momento”, concluiu.

Seles Nafes
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