Por ARTEMIS ZAMIS, empresário e articulista
De novo o assunto racismo volta a baila na imprensa e nas redes sociais, desta vez travestido de racismo recreativo com o pseudo-humorista Leo Lins. Já abordei este assunto algumas vezes neste mesmo portal e abordarei quantas vezes forem necessárias para bradar a quem me ler, que se torna extremamente necessário que essa luta seja constante, diária e em todos os lugares possíveis. Não é possível concebermos que após mais de 135 anos da abolição da escravatura, tantos casos de racismo pipocam em todos os lugares das piores formas. O racismo seja ele estrutural, recreativo ou qualquer que seja a forma, é abominável e jamais deveria fazer parte de um show.
Leo Lins foi assunto esta semana por ter sido sentenciado pela juíza Gina Fonseca Corrêa, do Tribunal de Justiça de São Paulo, para que deixasse de produzir e retirar do ar vídeos que reproduzem discursos de ataque frontal a minorias que são depreciativos, humilhantes em razão de cor, sexo, etnia, religião, origem, procedência nacional ou regional, orientação sexual ou de gênero, condição de pessoa com deficiência ou idosa, crianças, adolescentes, mulheres ou qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável. Em um país minimamente educado, não precisaria que a justiça intervisse em um assunto como este, para proibir o que obviamente é crime.
Leo Lins é conhecido exatamente por manter em seus shows este tipo de horror que por incrível que pareça, encontra abrigo e consumo de grande parte da sociedade como se vê nos vídeos o deboche e as gargalhadas a cada piada de apologia a pedofilia, piada de um idoso ou de um preto. Vários órgãos de imprensa abordaram o tema como que uma divisão de opiniões, como se não tivéssemos uma Lei cristalina que delimita claramente o limite entre a liberdade de expressão e o crime. Fabio Porchat, acho que foi infeliz em declarar que “quem não gosta da piada que não consuma”. Ora, é como se colocasse na porta do teatro uma placa com os dizeres: Neste show contamos piadas de cunho racista, homofóbico, ataque a idosos, crianças, pedofilia e outros crimes. É certo isso? O Brasil não é isso. Temos Leis. O caso de Leo Lins extrapola o limite da liberdade de expressão quando ataca as minorias com este tipo de piadas racistas recreativas. Vivemos em um mundo onde não cabe mais sequer discutir assuntos como este, visto que maltratar, abusar, depreciar e humilhar alguém não tem que fazer parte nem de show algum ou de uma conversa de boteco. É crime em qualquer lugar e como tal precisa ser tratado e punido com os rigores da Lei.
A democracia pressupõe Liberdade e direitos a todos, porém, a liberdade de expressão não é absoluta. Tem seus limites estabelecidos na Constituição Federal de 1988 e ainda bem que tem. Conviver em uma democracia com liberdade é nosso bem sagrado. O que não se pode é usar essa liberdade para cometimento de crimes e das piores atrocidades, vitimando o ser humano indefeso.
É inconcebível que se vá a um show ou que se acesse um vídeo nas plataformas e nos depararmos com uma piada com conteúdos racistas, ofensas a idosos e apologia a pedofilia. Vi sem acreditar um vídeo onde esse Senhor contava piadas envolvendo pedofilia que não convém mencionar aqui, bem como de pretos escravos. É deprimente ver, me senti atingido. Um preto, um idoso, uma criança não tem que assistir um humorista a despeito de contar piadas, lhes dirigir ofensas e humilhações das mais horrendas já vistas.
Nossa sociedade precisa mudar e repito o que já disse antes em outros textos, que só se muda esse comportamento criminoso, com educação nas escolas e dentro de nossos lares.
O Brasil não é isso. É de suma importância que mudemos, que tenhamos todo o carinho com minorias e com nosso próximo. Nossa felicidade, passa pelo amor que cultivamos com todos nossos irmãos. Brancos, pretos, amarelos, indígenas, de qualquer região, de qualquer origem.
Que todos tenhamos apenas o sabor do amor e da felicidade.