Por SELES NAFES
Os policiais envolvidos na abordagem que terminou na morte do presidente do Sindicato dos Taxistas de Macapá (Sintaxi), Leandro de Souza Abreu, foram afastados temporariamente das funções pela Corregedoria da Polícia Militar. Há duas versões. Os policiais envolvidos na abordagem afirmam que Leandro teria apontado uma arma para eles, mas advogados afirmam que a guarnição errou e tentou plantar provas contra a vítima.
A intervenção ocorreu no fim da noite da última sexta-feira (26), no Bairro do Muca, zona sul de Macapá. A versão oficial dos policiais militares é de que eles estariam seguindo um táxi Versa branco onde estariam quatro homens que se dirigiam para um local dominado por facções. O objetivo seria matar uma pessoa.
De acordo com o boletim da ocorrência, o veículo foi parado pela viatura. Um homem que teria descido pela porta de trás e apontado uma arma em direção aos policiais foi baleado e morto no local. Um menor de idade foi ferido e encaminhado para o Hospital de Emergência de Macapá.
Havia ainda outros dois ocupantes no banco de trás do Versa, e os policiais afirmam terem ouvido um disparo de arma de fogo. Os dois também foram alvejados, sendo que um deles, que usava tornozeleira eletrônica, também morreu no local. A guarnição registrou no boletim ter apreendido com os passageiros do Versa uma pistola 380 com 19 munições e um revólver calibre 38 com numeração raspada, uma munição disparada, um percutida e quatro intactas.
O único ocupante do carro que não foi baleado foi o motorista do carro, que é taxista. Ele recebeu voz de prisão e foi encaminhado para o Ciosp do Pacoval. A guarnição informou que foi ameaçada no local por populares, por isso recolheu as armas da cena do crime antes da chegada da perícia.
Provas plantadas
O corpo de Leandro de Souza foi sepultado no domingo (28), em Macapá, sob intenso protesto. O cortejo virou uma grande carreata que parou em frente ao Comando Geral da PM, no Bairro do Beirol. A família e colegas de trabalho afirmam que houve erro na abordagem, e que o sindicalista não estava envolvido em nenhum crime. Segundo eles, Leandro, que tem registro de CAC (Caçador, Atirador e Colecionador), estaria atrás de alguém que teria roubado uma bicicleta, e não teria reagido à abordagem dos PMs.
Dois advogados do Sindicato dos Taxistas acompanham o caso. Um deles criticou a abordagem dos policiais e os acusou de fraude.
“Desastrosa e negligente, tentando mudar totalmente os fatos e plantar no local da cena uma arma, tentativa contra a guarnição, contra os policiais…Mas conseguimos com os delegados plantonistas colocá-los (passageiros) como testemunhas. Vamos conseguir provar que no nosso amigo Leandro nunca atentou contra essa guarnição”, disse o advogado.
O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia de Macapá, mas deve ser transferido para a Delegacia de Homicídios (Decipe) por determinação do delegado geral César Vieira.
Na manhã desta segunda-feira (29), a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Amapá divulgou que os policiais foram afastados pela Corregedoria da PM.
“As perícias já foram requisitadas e os policiais envolvidos serão submetidos a procedimento investigativo da Corregedoria da Polícia Militar do Amapá, através de inquérito militar. (…) A Sejusp destaca que tem como missão preservar a ordem pública, mantendo os direitos fundamentais da pessoa por meio de políticas de controle da criminalidade e da violência, integradas com a comunidade e demais forças de segurança do Amapá, bem como se coloca à disposição para os devidos esclarecimentos”, informou a Sejusp.
O comandante geral da PM, coronel Adilton Corrêa, ficou de falar publicamente sobre o caso por volta das 11h.