Por ANDRÉ SILVA
O artesão Macidi Oliveira Pereira, de 47 anos, aprendeu a fazer trabalhos em cerâmica com a mãe. Há mais de 25 anos na arte, ele é um dos poucos fabricantes de artigos religiosos em Macapá.
Seu trabalho atualmente está tanto nos terreiros de umbanda, quanto em igrejas católicas e evangélicas. Além disso, suas peças estão espalhadas por várias partes do Brasil.
Nascido no Paracurí, principal polo industrial de cerâmica do Pará, localizado em Icoaraci, Distrito de Belém (PA), Macidi contou que herdou a habilidade da mãe, dona Miriam Hosana. Ela aprendeu o ofício com os pais. É uma família de artesãos, por natureza.
Foi na década de 1990 que mãe e filho chegaram ao Amapá, a convite do tio dele, o senhor Trocau, outro artesão da família, que foi pioneiro com esse tipo de trabalho no estado. Dona Miriam chegou a ganhar muitos concursos de cerâmica em Macapá.
Esse tipo de produção era bastante comum aquela época. Mas, de lá pra cá, segundo Macidi, o artesão perdeu muito prestígio. Depois que a mãe faleceu, ele continuou o ofício, que atualmente é a principal fonte de renda de sua família. Ele é casado e tem filhos.
“Meu tio chamou minha mãe pra morar aqui e todo ano a gente participava de concursos, principalmente no dia 19, dia de São José. Os concursos de artesanato eram muito comuns. Minha mãe fez busto do Barcelos [ex-governador], do Capiberibe [ex-governador], do Airton Sena. Ela ganhou muitos concursos aqui. Depois que ela faleceu, fui um dos filhos que herdou o dom dela”.
No seu portfólio de produções estão vasos, utensílios domésticos, abajur, entre outras pelas. Mas, é por meio dos bonecos utilizados em terreiros de umbanda e candomblé que ele é mais conhecido.
As peças são produzidas em tamanho real e representam entidades ligadas à religião de matriz africana. O artesão se orgulha em ter peças espalhadas por várias partes do Brasil.
“Me adaptei a trabalhar com essa parte das religiões africanas e hoje eu sou conhecido nesse meio nos Estados da Bahia, São Paulo, Fortaleza, Maranhão, tudo com trabalho assim. Nessa área, acredito que sou o único a trabalhar em Macapá”.
O horário de trabalho de Macidi é bem peculiar, ele acha melhor produzir à noite. Disse que o silêncio e o frio da madrugada ajudam no manuseio do barro e tudo isto aflora a criatividade. O torno que ele usa é totalmente manual. Para movimentar a polia e fazer a base rolar, usa a perna esquerda. Além da argila, utiliza madeira, garrafa pet e ferro.
Macidi tem alguns trabalhos expostos na Casa do Artesão, mas é por meio de encomenda que ele vende mais.
Para encomendar peças e visitar o ateliê do artesão, que fica no Bairro universidade, na zona sul de Macapá, basta entrar em contato pelo telefone 96 99129-6367.