Por LEONARDO MELO
Perto de completar quatro anos fechado, um dos patrimônios mais importantes do Estado, o Macapá Hotel, continua inutilizável e apodrecendo à ação do tempo.
O cenário de abandono chama a atenção de quem passa perto do prédio, que já foi um dos principais cartões postais e hospedou políticos, celebridades e artistas que vinham se apresentar e turistas visitavam o estado.
O mato alto já toma conta do entorno do prédio. Sem manutenção, a madeira nobre que dava o tom da Amazônia ao local, está completamente deteriorada. As infiltrações estão por todas as paredes.
O telhado provavelmente terá que ser refeito por completo. As Ferrugens também tomaram conta dos portões e grades de segurança. Do lado de fora do muro frontal, comerciantes ambulantes ocupam a calçada, eles foram provisoriamente colocados ali por conta de uma obra do outro lado da rua.
‘Guardado’ por uma empresa de vigilância contratada pelo Estado, a única utilidade atual do hotel é como depósito de materiais de limpeza, como carrinhos e vassouras, dos garis da Prefeitura de Macapá que trabalham na Beira Rio todos os dias.
O autônomo Raimundo Campos, que trabalha na Praça do Coco há mais de 15 anos, disse que chegou a presenciar o local em funcionamento. Recordou que aqueles eram tempos bons, em que o turismo estava em alta e o movimento também.
“A gente tinha mais turistas por aqui. Os franceses, quando vinham pra Macapá, se hospedavam aí”, lembrou.
O lavador de carros Heraldo Sousa, de 43 anos, é macapaense. Ele lembrou do tempo que a frente da cidade era muito bonita e o Macapá Hotel estava funcionando. Aos fins de semana, a Beira Rio era o point de encontro dos jovens. Ele afirmou que vê com tristeza o local se deteriorando.
“Eram tempos bons. Aí, gerava emprego, turismo. Muita gente de fora vinha visitar a cidade e ficava aí. Ele, assim do jeito que está, deixa a cidade feia. Muita gente de fora chega aqui e vêm o prédio fechado, só mato, sujo, abandonado. É até uma vergonha pra gente, né”, disse o lavador.
Imbróglio judicial
Em 1990, o governo do estado concedeu a autorização do serviço de hotelaria e realização de eventos a uma empresa. A concessão duraria 10 anos em troca de um aluguel de R$ 21 mil. A empresa nunca pagou o aluguel e para piorar repassou o lugar a uma segunda empresa, que também não pagou pelo local.
O imbróglio foi parar na justiça quando Estado solicitou a devolução do prédio e o pagamento de uma indenização pelos prejuízos provocados pelas empresas ao erário e pelos danos ao patrimônio.
Em abril deste ano, a justiça deu ganho de causa ao governo, que agora precisa dar um destino a esse que é considerado um patrimônio histórico para o Amapá.