Morre o ator Guiga Melo, o ‘mestre dos bonecos’

Premiado internacionalmente, o ator teve complicações decorrentes de um aneurisma. Ele era de Pernambuco e morava em Macapá há cerca de 40 anos
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Por SELES NAFES

Morreu nesta segunda-feira (3), aos 65 anos, o ator e produtor de teatro Guia Melo. Ele estava internado no hospital da Unimed, em Macapá. No ano passado, o artista teve um aneurisma que deixou complicações neurológicas.

Guiga Melo era natural de Caruaru (PE), e vivia no Amapá havia cerca de 40 anos. Trouxe para o estado o teatro de bonecos, arte que aprendeu durante a infância em sua terra natal, e que lhe rendeu prêmios nacionais e reconhecimento internacional. Em 2016, chegou a receber um título de “Mestre do Teatro de Bonecos” conferido pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan).

Em 2009, Guiga interpretou um violeiro ao lado de Lula Jerônimo (falecido em 2020) no filme amapaense “Simãosinho Sonhador”, que ganhou o DOC TV do Ministério da Cultura. A obra foi escrita e dirigida pelo publicitário e jornalista Manoel do Vale, do Amapá.

“Ele também atua com seus bonecos e a companheira Paiody Rodrigues, em num dos momentos mais divertidos do documentário, que tinha por objetivo homenagear esses artistas que vieram ao Amapá trazendo arte e esperança”, recorda Manoel do Vale. (veja trecho do filme abaixo com a participação de Guiga)

Guiga levou o teatro de bonecos para a maioria das escolas públicas do Amapá junto com a esposa, a psicopedagoga Paiodhy. “Raimundo”, um boneco amarelo e do nariz vermelho, era o personagem inseparável do cast.

“O boneco tem um poder muito forte, que é o poder de síntese. Às vezes você quer explicar algo para uma criança, para um público, e você se enrola muito. Quando tu botas um boneco, em questão de 10, 15 minutos, as pessoas entendem o que é, porque a açaí dele é muito direta. Com ele, não tem ‘arrudeio’”, explicou Mestre Guiga em reportagem publicada pelo Portal SN, em setembro 2021.

“Ninguém no teatro do Amapá teve mais público do que eles, que se apresentavam em escolas para públicos de 300 e até 500 crianças”, lembra o roteirista e professor de história Josean Ricardo de Souza e Silva, amigo pessoal do casal.

Ao lado da esposa, Paiodhy, e de “Raimundo”

Projeto percorreu a maioria das escolas públicas do Amapá: Fotos: Marco Antônio P. Costa

Apesar das sequelas neurológicas deixas pelo aneurisma, Guiga continuava produzindo a todo o vapor. Ele estava concorrendo ao edital Paulo Gustavo, do Ministério da Cultural, com o objetivo de captar recursos para o filme “O Segredo da Samambaia”.

Polêmica

Contudo, durante a visita da ministra Margareth Menezes ao Amapá na semana passada, Guiga e a esposa foram alvos de um abaixo assinado lançado por parte da classe artística depois que os dois se posicionaram criticamente sobre preconceitos dentro do setor cultural.

O posicionamento gerou momentos turbulentos e de pressão sobre o casal, e Guiga voltou a ter problemas de saúde. Hoje, ele estava em casa quando passou mal e foi levado para a UPA da Zona Sul. De lá, foi transferido para o hospital da Unimed, onde faleceu. A causa da morte não foi informada.

Ainda não há informações sobre velório. Esposa Paiodhy precisou ser medicada. O casal deixa um filho, Raoni Melo.

Seles Nafes
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