Por IAGO FONSECA
Há 20 anos, em um sábado de julho de 2003, Arnaldo Alves, hoje com 61 anos, recebeu uma mensagem divina: “Pregue o evangelho aqui nessa esquina”. Em comemoração a esse marco, o pastor missionário e seus obreiros organizaram distribuição de bolo na manhã deste sábado (22) para os trabalhadores e ouvintes que passam pela Avenida Padre Júlio e Rua Cândido Mendes, no centro comercial de Macapá.
Sem falta, as manhãs de sábado de quem passa ou trabalha por ali são regadas de palavras bíblicas e bençãos. Hoje com 4 filhos e 1 afilhado, o apóstolo conta em entrevista ao Portal SN sua trajetória no evangelho, dificuldades e planos para o futuro.
SN: Pastor, como foi a sua conversão?
Pr. Arnaldo: Eu nasci no berço católico. Fui líder do movimento jovem da Basílica de Nazaré em Belém do Pará. Mas também já passei pela Umbanda, Quimbanda, Seicho No Ie, Hare Krishna, Budismo e Espiritismo. Foram 37 anos que vivi a vida que as pessoas diziam ser o “mundo normal”: bebendo, fumando, jogando. (…) Até que conheci a minha esposa quando vim pra Macapá pra passar 30 dias. Conheci a Dona Rosiane que era evangélica, só que também estava afastada. Eu não frequentava a igreja evangélica.
SN: Quais as circunstâncias?
Pr. Arnaldo: Quando viajamos até Goiânia fomos na Assembleia de Deus, no Ministério de Madureira. Lá, tudo era novo pra mim. Quando o pastor levantou, eu baixei minha cabeça, não queria (participar). Até que ele foi lá comigo, me pegou na mão e me levou até o altar. Estava cantando uma música, um hino que nós chamamos “Não Há Deus Maior”. Aquele coral lindo e maravilhoso começou a tocar e eu fui impactado pelo poder do Espírito Santo. E ali, meu irmão, a coisa mudou, porque eu recebia um som do Espírito Santo.
SN: Por que o senhor decidiu pregar aqui no Centro Comercial?
Pr. Arnaldo: Há 20 anos, passando naquela calçada, que o Espírito Santo falou comigo e disse “pregue a minha palavra aqui”. Eu até questionei com Deus. Mas ele disse: observe no semblante das pessoas o quão sofrimento elas têm. Foi aí que comecei a pregar. Comprei uma caixa de som, comprei um DVD que ainda estão comigo até hoje, e comecei a pregar, simplesmente.
SN: E houve obstáculos? Qual é a reação das pessoas?
Pr. Arnaldo: Uma certa vez eu estava aqui pregando e uma senhora saiu de uma loja com uma mala. A mensagem que eu pregava na ocasião era de não abandone o seu lar. Essa senhora apanhava do marido e ia embora. O marido era excelente marido, mas quando bebia virava um demônio, batia nela e tal. Ao escutar a mensagem ela foi lá comigo e me perguntou o que fazer. Eu disse “você vai chegar na sua casa. Deus está mandando te dizer isso. Você vai dizer, ‘se você tocar em mim, eu vou lhe denunciar para a polícia, vou mandar lhe prender’. Depois ela voltou, um ano depois, e disse que ele nunca mais tocou nela. Virou até diácono.
SN: Alguém já lhe ofendeu durante os sermões?
Pr. Arnaldo: Já fomos hostilizados aqui, já fui ameaçado de morte, puxaram o terçado. É assim, a palavra de Deus diz que a nossa luta não é contra a carne nem o sangue, e sim contra os principados e potestades (anjos e demônios). E não é uma luta visível, ela é espiritual.
Já fui muito xingado, de vagabundo, hipócrita, fariseu… Ainda querem utilizar textos da Bíblia. (…) A minha cruz eu carrego e tenho prazer de carregar. É minha, não dou ela para ninguém. Sempre prego isso aqui, “não dê a sua cruz para ninguém e não carregue a cruz de ninguém”.
SN: Já houve conversões nestes cultos na rua?
Pr. Arnaldo: Muitas, muitas conversões. Hoje temos várias pessoas que estão em igrejas, são apóstolos, bispos, diáconos, e não estão congregando na minha igreja, no meu ministério. Isso é maravilhoso, porque eu não prego igreja. Eu estou aqui há 20 anos, sou presidente de um ministério, mas nunca fiz propaganda no meu ministério.
SN: Quais os planos os próximos 10, 20 anos? O que espera do futuro?
Pr. Arnaldo: Meu amado, eu pretendo continuar. Eu pedi pra Deus que eu viva até 84 anos com saúde para continuar pregando o Evangelho. Se ele permitir que eu chegue lá, tenho uma bênção, mas ele pode chamar minha senha amanhã. A gente não sabe.
Eu estou bem em saúde, ótima pressão, sem diabetes e nem problema no coração. Sou uma pessoa muito alegre porque tenho a satisfação de pregar o Evangelho. E quero pregar até os últimos segundos da minha vida, seja aqui, seja na rádio, seja na rua, na igreja. Eu prego sempre. Eu vou para uma consulta, se alguém fala alguma coisa, eu prego Jesus. Se estou no banco fazendo um pagamento e alguém dá uma brechinha para mim, eu falo de Jesus.
SN: Só para esclarecer, o senhor ainda prega na rua?
Pr. Arnaldo: Continuo pregando, todo sábado de manhã até meio-dia. Tenho uma igreja também, mas o engraçado é que moro no Buritizal e a nossa igreja é lá na Ilha Mirim, no final do Infraero II. O nosso ministério fica em uma rua que denominei como Alameda Pentecostal, porque ela não tinha nome, não tinha luz e nem água.