Por IAGO FONSECA
A proliferação de fungos e bactérias no cultivo da mandioca em terras indígenas no Oiapoque, no norte do Amapá, colocou o Estado em situação de emergência. A crise afeta diretamente o sustento de cerca de 10 mil indígenas em 66 aldeias.
O decreto de situação emergencial foi anunciado pelo governo do Amapá na manhã desta sexta-feira (21), em coletiva para a imprensa.a
O governador do Amapá, Clécio Luís (SD), declarou que a situação é mais grave do que se imaginava. São 3 fungos e 1 bactéria identificados que não permitem que o tubérculo da mandioca se forme, enfraquecendo as raízes e caule da planta. A infecção, entretanto, não afeta a saúde humana.
O problema vai além da produção da farinha de mandioca. Segundo o governador, a dificuldade no plantio afeta a economia, preservação vegetal, a segurança alimentar indígena e proteção ambiental.
“A produção de mandioca no Amapá vinha declinando. (…) Hoje temos um colapso da produção de farinha nas terras indígenas do Oiapoque. Precisamos ter outras áreas sem contaminação para plantar novas sementes”, afirma o governador.
Segundo a Embrapa, houve um desequilíbrio natural devido à falta de trato de roças durante a pandemia, criando evolução agressiva nos patógenos.
“A maniva consegue, em boas condições nutricionais, conviver com esse patógeno. Fizemos a pesquisa para identificar e desenvolver as técnicas de controle dessa infecção”, explica o chefe-geral da Embrapa, Antonio de Carvalho.
Por videoconferência, o presidente do Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque, cacique Edmilson Karipuna, pediu atenção do poder público.
“A gente se preocupa com as famílias que não tem outro meio de sobreviver sem a roça. A mandioca é nosso alimento, fonte de renda. Temos o peixe, o açaí, a carne, mas não tem a farinha”, revelou.
O decreto
No decreto estadual 6.621/2023, publicado ontem (20), o governo autoriza ações urgentes para conter a crise de abastecimento da farinha de mandioca e da maniva-semente nas comunidades indígenas do Oiapoque.
A proposta é encontrar áreas de baixa vegetação que possam servir como alternativa saudável para o cultivo; suprir a carência alimentar da população indígena com cerca de 2 mil cestas básicas; fornecer 300 toneladas do tubérculo, divididas em 6 meses, e setenta e cinco toneladas de farinha de mandioca.