Por SELES NAFES
A Companhia de Transporte de Macapá (CTMac) prepara uma chamada pública nacional para tentar resolver a crise no sistema rodoviário da capital do Amapá, abalada ainda mais nesta quarta-feira (2) com uma greve de funcionários das empresas. A ideia do município é atrair investidores locais e de fora, já que as atuais empresas estão colocando apenas 40 ônibus diários em circulação e atrasando salários, sem qualquer respeito aos funcionários e usuários.
A chamada pública ainda não tem data para ser publicada, mas o Portal SN apurou que ela ocorrerá ainda em agosto. Procurado, o presidente da CTMac, Paulo Barros, confirmou a iniciativa e justificou afirmando que o ato será preparatório para uma nova licitação.
A exemplo de gestões anteriores, o governo Furlan ainda não conseguiu realizar uma licitação bem-sucedida. Já foram duas tentativas. A primeira, no ano passado, virou briga na justiça e o TCE mandou suspender o processo.
A segunda, realizada em abril deste ano, terminou “deserta”, ou seja, sem empresas regulares depois que duas foram inabilitadas. Agora, o objetivo é atrair empresas de fora para colocar pelo menos mais 40 ônibus em circulação.
“Se tivéssemos pelo menos 90 veículos em circulação não estaríamos nesse sufoco”, avalia o presidente da CTMac.
“Vamos lançar a chamada pública e avisar que para permanecer no mercado será necessário participar da licitação que lançaremos em seguida”, complementou.
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Licitação em abril deu “deserta” após empresas serem desclassificadas e não sobrar nenhuma. Foto: Ascom/PMM
Representantes do município têm conversado com empresas de transporte e até de outros segmentos da economia para explicar que o mercado de transporte de passageiros de Macapá é atraente.
O passageiro paga hoje R$ 3,70 pela tarifa, mas a empresa recebe R$ 4,55, graças ao subsídio de R$ 500 mil que a prefeitura paga mensalmente para as empresas. Esse recurso é uma espécie de compensação pela gratuidade a alguns públicos, entre outras situações.
Outro apoio importante veio do governo estadual. Em julho, o governador Clécio Luís (SD) assinou decreto concedendo 75% de desconto de ICMS sobre o diesel, para impedir o aumento da tarifa.
Mesmo assim, as quatro empresas reduziram em mais da metade dos ônibus em circulação, e ainda atrasaram em três meses os salários. A maioria dos veículos tem idade avançada.
“Se quiséssemos fazer uma vistoria em todos os ônibus que estão em circulação, tiraríamos quase todos”, revelou Barros.
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O que era ruim ficou pior com a greve. Foto: Iago Fonseca
No início da tarde, os rodoviários decidiram suspender a greve depois que interlocutores da prefeitura anunciaram que vão chamar as empresas para uma tentativa de acordo até sexta-feira. A proposta é repassar o subsídio do mês, se houver o compromisso das empresas de pagar os salários atrasados. Na prática, será a prefeitura pagando os salários dos trabalhadores.