Por OLHO DE BOTO
Três suspeitos de envolvimento no assassinato do empresário Odelson dos Santos Sales, morto em 2022, na frente da esposa, foram presos nesta manhã de quinta-feira (3), em uma operação da Delegacia de Homicídios, que investigava o caso há 13 meses.
Além das prisões, os policiais apreenderam 11 celulares e uma arma de fogo, que resultou na prisão em flagrante de um dos suspeitos.
Respaldados por 4 mandados de busca de apreensão, os investigadores entraram em celas do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) e em endereços nos bairros Perpétuo Socorro e Cidade Nova, ambos na zona oeste de Macapá.
De acordo com o delegado Wellington Ferraz, os dois homens que executaram o empresário já estavam presos no Iapen por outros crimes, incluindo outros homicídios. Eles são considerados pistoleiros. A dupla foi levada esta manhã para depor na Delegacia de Homicídio. Eles negaram participação.
O terceiro preso também alegou inocência. No entanto, a polícia o prendeu em flagrante por ter achado na casa dele uma pistola calibre 9mm, com respectivas munições.
A Polícia Civil teve apoio do Grupo Tático Prisional (GTP) da Polícia Penal no cumprimento dos mandados na penitenciária. Os nomes dos presos não foram divulgados pelas autoridades.
A investigação
Foi a partir do celular da vítima e de uma investigação sobre a vida dela que a polícia começou a solucionar o crime.
Odelson, morto aos 61 anos, era empresário do ramo da construção civil em Macapá. Ele era dono da construtora Icon. O delegado Wellington Ferraz explicou que o empreiteiro teve dois momentos na carreira profissional. No primeiro, bem-sucedido, viveu o auge, com entregas de grandes empreendimentos da construção civil e ramo imobiliário, como prédios residenciais.
No entanto, num segundo momento, Odelson entrou em colapso financeiro, o que o levou a contrair dívidas de empréstimos com agiotas. Além disso, passou a não cumprir contratos de entregas de imóveis.
A empresa faliu e acumulava inúmeros processos judiciais movidos por investidores que compraram apartamentos da construtora dele, mas não receberam as unidades.
Segundo a polícia, à época do crime, ele acumulava processos judiciais desses investidores e ameaças de morte, que a perícia revelou no celular dele. Isto fez a polícia montar uma lista de suspeitos com motivações para encomendar a morte de Odelson.
Por isso, o delegado Ferraz trata o crime como execução motivada por acerto de contas. Ele explicou que a operação de hoje foi apenas uma primeira fase, concentrada nas pessoas envolvidas na execução do ‘serviço’.
“São pessoas com envolvimento direto no homicídio, que estavam na motocicleta usada, que passaram informações de onde ele se encontrava no momento da execução, que arregimentaram os pistoleiros”, confirmou o delegado.
Já a segunda etapa será focada no mandante e nos ‘patrocinadores’ da morte encomendada. Eles teriam pago R$ 50 mil aos envolvidos.
Mandante
A polícia afirma já saber quem é o mandante da morte de Odelson. No entanto, preferiu aguardar o resultado desta fase de hoje da investigação para prender o suspeito.
“Estamos tendo essa cautela para evitar erros. Queremos ser o mais transparente possível na investigação”, sustentou Ferraz.
O crime
O empresário foi assassinado na noite do dia 5 de junho de 2022, no Bairro do Trem, região central de Macapá. O homicídio ocorreu por volta de 21h, na esquina da avenida Feliciano Coelho com a rua Hamilton Silva, e foi praticado por dois homens que estavam numa motocicleta de cor vermelha.
A esposa da vítima presenciou o crime. Ela estava dentro do veículo, sentada no banco da frente, quando dupla emparelhou a moto ao lado do empresário e o passageiro da moto atirou.
Os disparos perfuraram o vidro da porta esquerda da picape. Odelson foi atingido com 6 tiros de pistola calibre ponto 40. A mulher dele ficou ferida apenas por estilhaços de vidros. Quando o socorro médico chegou ao local, já não havia mais nada a ser feito.
Segundo a polícia, esses ocupantes da motocicleta são os dois presos que foram levados do Iapen para depor na sede da Delegacia de Homicídios, no Conjunto Macapaba.