Por IAGO FONSECA
Para ajudar pacientes e familiares atendidos pelo programa Tratamento Fora do Domicílio (TFD), a casa de apoio “Nosso Lar”, criada em 2016 no Amapá, abriu uma unidade há dois meses em Recife, em Pernambuco, para oferecer hospedagem e alimentação durante os tratamentos de saúde.
Em atividade há cerca de 60 dias, a unidade de Recife fica em uma área considerada como o polo hospitalar da região, no Bairro Santo Amaro. Pela parceria da Casa Nosso Lar, o estado de Pernambuco recebe pacientes do Amapá para tratamentos de radioterapia, cardiopatia, doenças hepáticas e outras, segundo Júlia Soares, presidente e fundadora da associação em Macapá.
“É uma área nobre, um aluguel mais caro, mas pensamos na localização privilegiada por ser perto de hospitais como Oswaldo Cruz, Restauração e do Câncer. Lá, temos 17 mulheres em tratamento oncológico, por isso abrimos essa porta para dar esse acolhimento a quem sai daqui pra lá”, explicou Júlia.
O processo de acolhimento é feito pela instituição em Macapá, que faz o agendamento nos hospitais de Recife, solicita o TFD pelo Amapá para custos de passagens aéreas e ajuda de custo. O paciente é recebido pela equipe no aeroporto e encaminhado para a casa, onde além da hospedagem recebe as principais refeições sem custo.
“Para os pacientes oncológicos temos uma parceria com os hospitais para o transporte deles da casa até o ambulatório”, afirma a fundadora.
Criada em Macapá, com o objetivo de abrigar pacientes dos municípios do Amapá que buscam atendimento hospitalar na capital, a Casa Nosso Lar é parte da Associação Amapaense de Apoio aos Pacientes em Tratamento Fora do Domicílio.
Segundo a presidente, a associação já realizou mais de 50 mil atendimentos entre hospedagem, alimentação e serviços da Caravana da Saúde nas áreas distantes dos municípios, realizada duas vezes ao ano.
“A casa só existe por nossa luta em garantir um melhor TFD no Amapá e por termos vivido isso lá fora, chegar sem apoio, lutando sozinho pra garantir os direitos dos pacientes”, afirma Júlia.
“Em uma de nossas manifestações decidimos começar a associação. De lá pra cá muita coisa mudou dentro do programa TFD. Há dificuldades, mas antes não tinha nem passagem para voltar ao Amapá. Hoje os pacientes recebem as passagens no WhatsApp, tem a garantia dos 23 kg de bagagem e garantimos o aumento de vagas na casa de apoio de Belém”, continua.
Segundo Júlia, o Projeto de Lei 10895/18, de autoria do senador Randolfe, foi a resposta a um pedido da associação em uma reunião com o Ministério Público Estadual, para que a União seja responsável pela alimentação, transporte e hospedagem desses pacientes atendidos pelo SUS. O PL está em tramitação na Câmara dos Deputados, aguardando envio para sanção do presidente Lula.
“Em Macapá buscamos uma lei para que o município participe dessa política pública. Antes o Amapá não sabia o que era TFD, nenhum dos municípios tinham, somente o estado fazia o processo”, conclui a presidente.
A casa em Macapá faz, em média, 120 atendimentos por dia, entre hospedagem, oferta de alimentação, regulação na unidade de Pernambuco, entre outras ações. O local é mantido por colaboradores voluntários que também realizam tratamento fora do domicílio. Mantimentos e despesas são reunidos por doações de parceiros, empresários, bazares, rifas e convênios com municípios.
Os pacientes são recebidos pela procura nas redes sociais ou pelos serviços sociais dos hospitais de Macapá. Após passarem por triagem médica e socioeconômica são direcionados aos dormitórios.