Amapá registra 76% de alta em focos de queimadas em 2 meses de estiagem

O número de focos chega a 1051, 456 a mais que em 2022 no mesmo período do ano.
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Por IAGO FONSECA

Durante a seca entre os meses de agosto e outubro, o Amapá teve aumento de 76% nos focos de incêndio em comparação ao mesmo período em 2022. Tartarugalzinho, Oiapoque e Macapá estão entre os municípios mais afetados pelo fogo.

Em 2022 no estado, os registros de queima chegaram a 595 entre 16 de agosto a 18 de outubro. Este ano, no mesmo período, este número chega a 1051, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Ao retornar ao Amapá após uma viagem, a geógrafa Tayane Ferreira, de 35 anos, fez o registro aéreo sobre a região metropolitana de Macapá na tarde de segunda-feira (16). Para ela, as queimadas são naturais nesse período do ano, mas a quantidade a surpreendeu.

“Esse período é naturalmente mais seco na região, e mais comum a ocorrência de queimadas, contudo, fiquei surpresa com a quantidade de focos de incêndio dentro da capital. No dia seguinte, ao acordar, meu apartamento estava cheio de fumaça”, afirmou a geógrafa.

Até 16 de outubro, foram realizados 366 combates de incêndio no estado. Dessas ocorrências, a maioria são provocadas pela população com a limpeza de terrenos e queima irregular de lixo, segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Amapá.

Na tarde de terça-feira (17), uma queimada durou mais de 6h no bairro Universidade, dentro da Universidade Federal. A área foi atingida por grande fumaça que se espalhou para as proximidades do Hospital Universitário, uma escola estadual e uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Queimada ocorrida ontem, 17, dentro da área da Unifap

Altas chamas na área da Unifap

Em Tartarugalzinho, a estiagem recorde provocou o município a decretar emergência, com a baixa dos rios da região. A seca facilita a propagação de incêndios, provocando risco para a vegetação e animais, de acordo com a prefeitura.

“Os focos de incêndio são mais na estrada, a gente percebe que diminuiu aqui, mas ainda acontece”, declarou um motorista que mora em Tartarugalzinho.

Além disso, moradores de Oiapoque, a cerca de 570 km de Macapá, reclamam dos transtornos recorrentes, como a inalação de fumaça e acúmulo de cinzas nas residências. Segundo a professora universitária Néia Santos, a fumaça chega a cobrir o município.

Vista aérea de focos de queimada ao norte do Amapá

“Às vezes tem gente que coloca fogo no próprio lixo na BR, mas ultimamente não acredito ser somente esse o motivo, pois, pelo menos há dois meses, fica um cheiro intenso de fumaça”, relata educadora.

Além da destruição da vegetação e da poluição do ar, os incêndios prejudicam a biodiversidade e as propriedades do solo, bem como desloca pessoal para situações que poderiam ser evitadas, prejudicando a cobertura em ocorrências com vítimas, segundo o Corpo de Bombeiros.

“É crucial que a população esteja consciente dos perigos associados, então manter os terrenos limpos, livres de vegetação seca e materiais inflamáveis, não colocar fogo em folhas ou lixos, pois consequências dos incêndios florestais são diversos”, concluiu o capitão Rithely, coordenador da operação Amapá Verde.

Seles Nafes
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