Major que matou tenente pede para não responder a perguntas da acusação

Eu tirei o pé do acelerador do veículo, ‘belisquei’ no freio já com o mesmo acionamento do meu armamento e disparei os quatro disparos”, confessou.
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Da REDAÇÃO

O major da reserva da PM do Amapá, Joaquim Pereira da Silva, disse em seu depoimento no julgamento desta segunda-feira (23) que a vítima, o também policial, tenente Kleber, havia lhe apontado uma arma antes dos disparos. Ele confirmou ter atirado contra o tenente.

Joaquim Pereira foi ouvido após o depoimento de sete testemunhas. Antes de começar a narrar a sua versão dos fatos, ele pediu para a juíza Rosália Boldnar, que preside o julgamento, para não responder às perguntas da acusação. O pedido foi aceito.

“Dado momento, um carro emparelhou com o meu. Lateralmente, um cidadão gesticulando com a arma em punho apontando e falando ‘filho da puta’. Naquele momento, não identifiquei quem era, não perguntei, ninguém me falou o que estava acontecendo ali. Não sabia se atirava ou não. Eu tirei o pé do acelerador do veículo, ‘belisquei’ no freio já com o mesmo acionamento do meu armamento e disparei os quatro disparos”, confessou.

A defesa alega legítima defesa. Segundo o major, os disparos começaram pela lateral do veículo. Ele acrescentou que após frear sua a caminhonete, o carro do tenente avançou e o dele ficou logo atrás.

Joaquim Pereira foi ouvido após o depoimento de sete testemunhas. Foto: Iago Fonseca/SN

Major: não sabia se tinha atingido a vítima. Foto: Carolina Machado/SN

“Fiz o acompanhamento e percebi pela traseira do veículo dele que ele dava os ‘trancos’ de quem vai parando. Eu automaticamente freei, parei o meu veículo, abri a porta, corri para trás, me abriguei atrás da minha caminhonete e percebo que um carro está logo atrás de mim. Eu olho por cima do ombro, identifico um cidadão e eu peço pra ele não avançar e ligar para a polícia porque uma pessoa estava dentro do veículo e que tinha me ameaçado com uma arma e eu atirei”, narrou.

O réu também afirmou que até aquele momento não sabia se tinha atingido o tenente e que também não sabia o motivo da vítima ter puxado uma arma contra ele.

“Então, eu fiquei abrigado e ouvi alguém dizer ‘ele está morto’. Em dado momento, alguém abriu a porta e tirou aquela criança [do carro]. Ali o mundo desabou de novo pra mim”, afirmou.

Ele disse que, depois de ver a criança, ficou desnorteado e sem estrutura para permanecer no local e que deixou o veículo em que estava em frente a casa da mãe.

A previsão é que o julgamento, iniciado às 8h desta segunda, entre pela madrugada. No entanto, a magistrada Boldnar pode determinar que ele seja suspenso e retomado em outro dia.

Caso Tenente Kleber

O tenente Kleber morreu após uma discussão no trânsito, ocorrida em um cruzamento no centro de Macapá, entre a Rua Odilardo Silva com Avenida Cora de Carvalho. O fato aconteceu na manhã de 24 de fevereiro de 2022, quando o tenente levava o filho Paulo, de quatro anos, para a escola.

Na ocasião, o major da reserva remunerada, Joaquim Pereira, disparou quatro tiros contra o carro do tenente, que foi atingido na cabeça.

O acusado diz ter agido em legitima defesa, alegando que Kleber o teria ameaçado com uma arma de dentro do veículo.

Seles Nafes
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