Queimadas em Oiapoque incomodam e preocupam moradores

Segundo moradores, ocorrências são provocadas por outras pessoas que utilizam a queima para limpar terrenos e incinerar lixo.
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Por IAGO FONSECA

Moradores da área urbana do município de Oiapoque, a 580 km de Macapá, reclamam de transtornos pelo aumento de queimadas no município. Entre as preocupações estão a inalação de fumaça e acúmulo de cinzas nas residências.

Segundo eles, as ocorrências são provocadas por outras pessoas que utilizam a queima para limpar terrenos e incinerar lixo. Além disso, a fumaça densa prejudica a qualidade do ar pela manhã e noite, segundo a professora universitária Joseane Silva.

“No terreno em baixo da minha casa, um senhor fazia limpeza e disse que o proprietário pagou ele para queimar. Outra vizinha ateou fogo ao lado da casa. É um problema cultural, que precisa ser trabalhado e que se apliquem multas. Isso já é um crime ambiental, se alastra e queima várias áreas”, afirmou a Joseane.

Segundo Néia Santos, também professora, há moradores que ateiam fogo no próprio lixo na margem da BR-156.

“Sinto o cheiro de casa, todo final de tarde a cidade cheira a fumaça”, declarou.

Queimada registrada por Wilton na terça-feira (10)

Os moradores questionam órgãos de controle ambiental para a preservação das florestas e dos animais da região. Para Wilton Martins, vizinho de Joseane, é necessário mais empenho e aumento de pessoal no Corpo de Bombeiros, bem como as ações de prevenção e punição das pessoas incendiárias.

“É crime ambiental, né? Aqui, é uma mata fechada e o pessoal não estão nem aí. É triste ver a floresta ser dizimada, mas parece que, para muitos, tem que queimar mesmo e tanto faz. Aqui só tem um carro dos bombeiros para combater tantos focos”, lamentou.

Essas queimas se iniciam, geralmente, pela ação humana e se espalham devido ao período de seca intensa que o estado passa, segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Amapá.

“As queimadas no município representam hoje em torno de 10% das registradas no Estado. São mais de 35 ocorrências de agosto até aqui, o que dá mais de 10 ocorrências por mês em média. Houve um aumento de focos de incêndio em vegetação em relação ao ano passado devido este ano a seca está mais acentuada”, esclareceu o tenente-coronel Marques, comandante do 7º Grupamento em Oiapoque.

Fogo em terrenos resulta em…

… cinzas diretamente nas residências

Segundo ele, as principais ocorrências são em áreas de invasão. Nenhuma queimada saiu do controle, entretanto, houve casos em que foi necessário dar prioridade devido ao risco de atingir residências.

“Alertamos que cada fogo feito de forma intencional, além de ser crime ambiental passível de penas restritivas, podem causar danos irreparáveis à fauna e flora. Também desloca pessoal, viaturas e todo aparato, que pode causar demoras e atrasos a outras ocorrências mais graves, como um incêndio em residência com vítimas”, alertou o comandante.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Oiapoque atua com a fiscalização, monitoramento e ações educativas pela rádio e redes sociais, segundo a agente de fiscalização ambiental Tatiane Silva.

“Além de estarmos no período mais seco da região e a cultura de limpar terreno através do fogo, a cidade está em expansão urbana. A invasão de terras se tornou um problema, já que eles queimam para poder construir seu barraco”, declarou a fiscal.

 

Seles Nafes
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