Por IAGO FONSECA
A jornada alucinante de Eliton Franco, de 46 anos, e de Francimar Santos – Chumbinho, de 45 anos, que velejaram por cerca de 2600 km sem suporte náutico, em busca de um recorde mundial, chegou ao fim na tarde desta sexta-feira (6).
Inicialmente um trio, velejaram de Natal, no Rio Grande do Norte, até Macapá, no Amapá por quase 20 dias. O paraense Marcelo Gonçalves teve problemas com o equipamento na primeira semana e não pôde continuar a aventura.
Eliton e Chumbinho foram recebidos por familiares e amigos assim que chegaram na orla do bairro Cidade Nova, às 18h30. Exaustos, comemoraram a conquista ao se aproximarem da frente da cidade acompanhados por vários colegas do esporte que saíram de Macapá para ver o retorno da dupla no rio Amazonas.
“Estou muito feliz. É um sonho de criança realizado. Não foi fácil. Eu pensava que [Oceano] o Atlântico seria o mais difícil, e ele foi, mas o [Rio] Amazonas foi implacável, ele tentou nos intimidar, na travessia do canal do Marajó foi horrível pra gente. Foram 2.600 km. Todos os dias ocorreram alguma coisa pra que a gente desistisse, mas a vontade de chegar foi mais forte. O Chumbinho foi um irmão fortíssimo, quando eu queria fraquejar, ele não deixou e vice-versa. Obrigado a todos que acreditaram na gente, familiares, amigos, poiadores, patrocinadores”, relatou Eliton, visivelmente esgotado fisicamente e emocionado.
Chumbinho chegou muito alegre, mas também estafado. Ele estava sorridente, bem-humorado e foi recebido pela esposa.
“Eu cheguei! Estou muito feliz de estar perto novamente da minha família, dos amigos, tanto tempo fora… Mas é muito gratificante. Obrigado a todos que vieram receber a gente, aos apoiadores, aos patrocinadores. Essa vitória é de todos nós. Cara, foi top demais, mas eu não repito”, brincou.
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Eliton comemora o feito ao chegar a Macapá
A previsão inicial era de bater o recorde somente com 2200 km, porém, por não velejarem em linha reta e precisarem ‘cortar’ a água para avançarem alguns quilômetros foram adicionados nos cálculos finais.
A esposa de Eliton, Nubia Macedo, de 40 anos, contou que os longos 20 dias foram de ansiedade.
“Fica a pergunta se vai dar tudo certo. Sempre acreditei que o sonho ia dar certo, mas teve momentos que bateu a dúvida. Quando chegou ao Pará fiquei mais aliviada”, declarou Nubia emocionada.
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Chumbinho recebe o carinho da esposa. Fotos: Iago Fonseca
Já para a esposa de Chumbinho, Carol Cunha, de 34 anos, acompanhar a jornada criou muita expectativa e preocupação.
“Acordava de madrugada pensando nele. Tava feliz por ele estar feliz. Tenho certeza que ele está feliz e que ainda não caiu a ficha do que ele fez”, refletiu Carol.
Marcelo, que iniciou a aventura com os amigos ficou em Belém, mas deixou uma mensagem emocionada no grupo de WhatsApp dos aventureiros.
“Enfim chegou o grande dia, o dia da glória, o dia da concretização de um sonho que para muitos parecia impossível e uma loucura. Quero que saibam que tenho muito orgulho de ter feito parte desse projeto e que me tornei uma pessoa muito melhor diante de tudo que passei e aprendi com vocês nos dias em que estivemos juntos. As reflexões da vida que fiz no meio do oceano guiarão minha vida daqui pra frente”, ponderou Marcelo.
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kitesurfistas comemoraram com as famílias e amigos
Quando os atletas saíram do município de Bragança, no Pará, na segunda-feira (2), seguiram por quilômetros até chegarem na baía do Marajó, a maior do Brasil com cerca de 80 km de extensão sem ilhas próximas, somente céu e água.
Ao chegarem em Chaves na noite de quinta-feira (5), descansaram os corpos machucados da longa viagem. Na manhã desta sexta-feira seguiram viagem para o destino final, Macapá.
Vitória
Os atletas bateram o recorde mundial de aproximadamente 2600 km sem apoio náutico entre seis estados brasileiros. A jornada alucinante iniciou em 17 de setembro e estava prevista para conclusão no dia 30.
O portal SelesNafes.com acompanhou toda a aventura. Acidentes no caminho, danos aos equipamentos, encontros com tubarões e bancos de areia atrasaram a viagem de volta para as águas tucujus.
Futuro
Após comemorarem, a dupla anunciou que o próximo velejo será internacional. Saindo de Chaves, no Pará, seguirão para Kourou, na Guiana Francesa.
“É um projeto, temos que sentar e avaliar. Tirar a experiência e aprendizado desse momento. Hoje somos um dos maiores, se não os maiores, navegadores individuais de sobrevivência”, concluiu Eliton.