Por CAROLINA MACHADO
O momento é considerado como o ponto alto do 28º Encontro dos Tambores. A tradicional missa dos quilombos, realizada na noite desta segunda-feira (20), dia da Consciência Negra, foi marcada por demonstrações de fé e resistência. O evento foi realizado no Centro de Cultura Negra.
A professora Raimunda Lina Ramos é neta do mestre Julião Ramos e conta que participa da missa desde 1995. Para ela, este representa um momento de muita emoção, fé e resistência.
“Isso aqui representa resistência. É um momento muito especial, pois o nosso bairro está em festa. Nós lutamos muito por esse espaço e graças a Deus hoje está lindo e com uma festa muito emocionante”, declarou a professora.
A merendeira Antônia Márcia conta que participa há 22 anos da missa. Para ela, o momento representa união e confraternização.
“É um momento em que todas as comunidades podem se reunir e confraternizar. É uma festa linda e emocionante que vale muito a pena conhecer”, afirmou.
A missa foi celebrada pelo padre Paulo Roberto Matias. Para ele o sentimento em celebrar o ponto alto do Encontro dos Tambores representa uma honra.
“É uma emoção muito grande que se renova a cada ano. E 72% da população do Amapá é negra e vive na invisibilidade. O tempo passa e a gente tem pressa de transformar essa realidade onde, por exemplo, mulheres negras são marginalizadas. Mas, além de termos pressa, temos esperança”.
O governador do Amapá, Clécio Luís, esteve presente na programação e destacou a importância do evento.
“A missa dos quilombos é um ato de autoafirmação, de reafirmação da identidade negra. Temos grande parte da nossa população em Macapá que se declaram negros ou pardos. Por tudo isso, esse evento é muito marcante para toda a população do Amapá”, afirmou o governador.
A programação da missa dos quilombos contou também com rufar dos tambores, músicas, rodas de marabaixo e apresentações culturais.
O 28º Encontro dos Tambores é realizado pela União dos Negros do Amapá com o apoio do Governo do Estado. O evento acontece até o dia 26 de novembro, onde haverá debates sobre igualdade racial, gastronomia e empreendedorismo, com protagonismo para as comunidades negras do Amapá.