Efeitos das queimadas podem durar até dezembro, diz Iepa

Bombeiros combatem fogo em vegetação na Unifap. Calor intenso já provocou mais de 2 mil focos de incêndios no Amapá.
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Por IAGO FONSECA

Calor intenso, queimadas e fumaças duradouras podem se estender por todo o mês de novembro, com recorde de mais de 2 mil focos de incêndio e poucas chuvas no Amapá, segundo o boletim climático do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa).

A previsão indica que os efeitos da estiagem que atinge o estado devem permanecer semelhantes ao mês de outubro, com poucas chuvas nos municípios de Oiapoque, Calçoene e em zonas rurais.

Nesta semana, moradores de Macapá relataram nas redes sociais os impactos sentidos pelo aumento das queimadas na região norte. Entre os dias 29 e 31 de outubro ocorreram 2007 focos de calor no estado, o maior pico registrado durante a estiagem, para o Iepa.

Parece neblina no Centro de Macapá, mas é fumaça de focos de incêndio de vegetação

Maria Paula teve que gastar R$ 200 em medicamentos para sua gata para amenizar os efeitos da fumaça

“Já tinha percebido a fumaça dias atrás, porém, no domingo (29), se intensificou pela noite. Por eu ter rinite alérgica, os meus olhos começaram a coçar muito, tive muita coriza, espirro e falta de ar. Me mediquei, mas a noite foi muito mal dormida”, contou Maria Paula, de 25 anos, moradora do Centro de Macapá.

Ela revelou, ainda, que gastou cerca de R$ 200 em medicamentos para sua gata, que também apresentou tosse e inflamação na garganta.

“Ela ainda continua mal, mas está em tratamento”, concluiu.

Registro de Priscila França mostra camada de fumaça no horizonte de Macapá. Foto: Priscila França

Segundo o Iepa, a região metropolitana de Macapá não possui tantas incidências de queimadas em comparação aos demais municípios. Entretanto, no norte de Macapá, nas proximidades de Cutias do Araguari e Itaubal do Piririm os casos são mais frequentes.

“As fumaças sentimos durante a madrugada ou no início da manhã são provenientes dos incêndios da Ilha do Marajó. Temos um regime de ventos predominantemente nordeste e leste. Se há um incêndio na região do arquipélago a fumaça é transportada até Macapá, Santana e Itaubal”, afirmou o meteorologista do órgão, Jefferson Vilhena.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que, somente em outubro, o estado do Pará registrou 12,4 mil focos de calor.

Cortina de fumaça já é rotina nos Bairros Zerão e Universidade

“Como moramos nos altos nós costumávamos dormir com janelas abertas, com a situação frequente começamos a fechar, pois meu filho e marido já possuem problemas respiratórios que estavam piorando em decorrência da fumaça”, declarou Priscila França, de 24 anos, que registrou o horizonte de Macapá tomado por uma camada de fumaça.

O portal SN.com entrou em contato com os Corpo de Bombeiros Militar e com a Secretaria de Saúde do Amapá em busca de orientações para prevenir problemas diante das consequências das queimadas, porém até o a publicação da reportagem não obteve retorno.

A Secretaria do Bem-Estar Animal orientou aos tutores de animais que evitem deixar o animal em locais fechados ou não arejados e que, ao notar qualquer mudança de comportamento, deve-se buscar o atendimento veterinário.

Na orla também é possível sentir o cheiro da fumaça

Ações emergenciais

A situação de emergência do Amapá foi decretada em 21 de outubro pelo Governo do Amapá. O decreto busca facilitar a tomada dê decisões administrativas para combater focos de incêndio e prestar auxílio à população mais afetada. Em 2023 já foram registradas mais de 10 mil queimadas.

Em Tartarugalzinho, a seca dos rios acima do normal motivou o município a declarar emergência, com reconhecimento federal em 19 de outubro. O município é um dos maiores afetados pela estiagem, bem como Oiapoque e Mazagão.

Seles Nafes
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